Revista da Academia Paraense de Letras 1950

• REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS - SONETO Á TERRA NATAL Osvaldo Orico Belém de minha infância descuidada, de manhãs de ouro e noites feiticeiras, risonha e maternal, toda plantada de fronclrsas e altissimas mangueiras. Cidade-bosque, lírica morada de árvores colossaiS e hospitaleiras, &tendida na mata e debruçada sôbre o cç,lo oscilante das baEeiras. Cartão postal da minl_la mocidade, cada trecho que vejo e uma saudade que me recorda a terra onde nasci. Longe de ti, nos braços eu te aperto. e vivendo distante, vivo perto, porque minha saudade vive aqui. 77 A Academia Paraense de Letras, que vem de 3 de maio de 1900 teve várias fases de expansão e de cleclinio. A primeira reunião. · considerada preparatória, foi realizada a 24 de janeiro daque– le ano, no "Clube Euterpe", sob a pl'esi.dência de João Marques de -carvalho. Depois de solenemente instalada a 3 de maio. realizou .apenas algumas sessões mais, no decorrer do ano. "'.Ressurgiu ein agosto de 1913, rea lizando uma sessão na séde d.o .Ateneu,Paraense à travessa Dr. Morais. Coube a nresidência a Mar– t inho Piili" que 'a transferiu a Luiz Barreiros, finâlrn:ente eleito pre– --sidente. ~as , -=t vida lhe foi efêmera. Quinze an-ês depois, em agosto de 1928 novo movimento agitou ·'°s círculos intelectuais e a Academia fiez sua reaparição com mais ·vigor, em memorável sessão no Teatro da Paz vindo dàquela data .até nossos dias. · • ...:A.s moças de LLm sLLburbLo Severino Silva As môças passe·am risonhas Nas velhas calçada-s do subúrbio triste ... Vião falando de cinemas, vestidos e namorados. M;uitas delas, depois da. noite mal dormida, Trabalharam duramente o dia inteiro · No balcão, na oficina, no escritório . · Agora, olhando o bonde, o automóvel veloz Os cafés com os seus alariclc-s ' E as esquinas, com os seus olhares e irreverências, La vão elas. no romântico passeio, Esquecendo que são pobres e entesourando ilusões. Em muitas· casas. laboriósas e modéstas, A fome e angústia cortam corações. . . Elas porém, sofrem com alegria, Olhàm a dor com resignada indiferença, _ Esquecendo que são pobres e entesourando llusoes. Rio, 1949.

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