Revista da Academia Paraense de Letras 1950

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 73 tos" dos "Renascidos" "Arcádia Ult113.Illarina" de "Literatura", de "Let'ras" e finalmente 'desde 1897 (20 de julho) '"Academia Brasileira ele Letras", que conserva até agora. Seguindo o exemplo da Cidade JV..aravilhosa ,as Academias co– meçaram a apa11ecer nos Estados. Umas, encontrando o seu Mt:?c€nas, como a do Amazonas que logrou a proteção do interventor Nelson de l\l"J.elo,. têm séde própr:a, mobiliário, bibliotéca, etc. Outra~. levam a vida nómade deslocando-se de um lado para outro, acolhidas por favor aqui e aiém não possuindo nada de seu nem livros, nem re– vista,' ni,m arquivo,' papel, nem tinta, nem nada'. São, por as.sim dizer, virtuais existindo sàmente na imaginação dos que· a compõem. D .;s seus quarenta membros,' raros são aqueles que comparecem às suas espaçadas sessões. A elas caberia talvez melhor o rótulo de J\cademia dos Esquecidos, enquanto que a Br'asileira de Letras, a mais veneranda e de mais destacado vulto faria mais jú.s a :J titulo de Academia dos Felizes, porque encontrou quem lhe legasse uma fortuna, cuja renda lhe permite remunerar, régiamente, a compa– rência dos acadêmicos, assim como estatuir prêmios para obras li– terárias, publica•r revistas, etc. Senhores. Das exigências protocolares outróra norteadoras do ingresso de um futuro imortal para a Aca'demia Franceza, uma se conservou, serenai varando a espe.ssura densa de três séculos, para chegar, inalterave , até ,aos nossos dias: - a cerimônia da recepção, que se desdobra princ-ipalmente em duas partes o discurso enccmi– ástico ao patrono da cátedra, felto por aquêle que entra para a Aca– cl.emia e a alocução laudatória ao recipiendário do título honorifico , produzida por um acadêmico, já em plena função. Quando, de uma feita, a.lguem interpelou Voltaire sobre as Me– mórias da Academia Franceza, êle r espondeu que nada tinham de ex– traordinário, porque miais n ão eram que sessenta volumes de cum·• primentos. O vulgo mordaz da atualidade chama a n ossa companhia de Associação do Elogio Ivfiítuo o que semipre é melhor do que se fos– se o cenáculo do desafôro recíproc,o . Duas vezes na minha vida já me vi em situação igual a em que me acho agora: - a primeira, já lá vão mais de duas décadas, quando, no Rio pude transpôr o pórtico da Academia Nacicnal de Medicina a mai.s'notavel e vetusta corporação médica do país, e a segunda, hâ oito anos pe,ssados, sob o céu azul de Manáus, na Academia Amazo– n ense ele Letras, onde as demasias da generosidade de seus imortais quizeram que eu perpetrasse uma conferência !itero-cientifica. Em nenhuma daquelais solenidades - eu vos afirmo - experi– nwntei a sensação porque passo, neste momento em que o meu olhar r evóca, dentro de. mim as sombras do passàdo e retira das ti.:evas o vulto de dois armgos, contemporâneos de estudos no Ginásio: - um que se partiu para todo o sempre - Gaspar Vian a - o sábio talentoso e bom cuja vidia eu comparo a uma dessas estrelas que' coi:11 b~ilho_ desmedido, risc~1. , ~m instante só, o negro den so dà noite, . 1ll.llnllla1n-n'a extraordmanamente e ao depois desaparecem tragadas pela amplidão do espaço etéreo; o outro é Acilino de Leão' inte~igencia fúlgura e vivaz, sempre e sempre à derramar os seus ctaroes onde quer que se mostre. As fJor,es. . . de retórica que, certo, o vereis. atir~-me, perfwnadas pela magia de um verbo en– cantador, cons1dera1-ast senhores, o que elas são na realidade: - o bom dÍla, obrigatório e c1ássico, que se dá a quem quer que entre esta casa e não lhe deseje arranhar a tradição. · ·

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