Revista da Academia Paraense de Letras 1950

t1 1 • DRIGENS REMOTAS uns ACfiO[MlaS DE ltiRAS ORLANDO Lii.VIA Em 1941, a 17 de maio, a Academia Paraense de Lctra.s rece– beu sc•lenemente a Orlando L'.ma, no Tea tro àa Paz, ern memoravel tertulia de sua posse na cadeira de Gaspar Viana. Do magnifico discurso que proferiu , extraímos os seguintes tópicos, alusivos às origens das Academias: Minhas senhoras e meus senhores . - Foi há pouco mais de tre~ -sentos anos que em Paris t inham o vêso ele reunir-se dez homens, re– ·gularmente, em casa de um dêles, todas as semanas . Letrados na ,totalidade, ali discreteavam. sobre assuntos váric-s: artes. ciências, literatura, filosofia . . . Trocando idéias, avisos e conselhos. longe dos .acúleos da invidência ela época, abrigados sc.b o velório :ômodo da -obscuridade, viviam em perfeita paz, como no seio de Abrahão. seus trabB.lhos eram lidos em .:omum e o lema era: - "Todos p :;T um e um por todos". Anos a fio essas pál1·eas e tertúlias se fizeram. assim, na intimidade, no recanto do lar. Depois, foram conhecidas lá fóra, e t anto, que chega ram ao~ ouvidos de Richelieu, o grande cardeal ministro de Lwz XIII, o qual mandou vir até si esses cultores do pen.: sarnento. significando-lhes o propósito em que estava de os reunir em sociedade sob a proteção do govêrno . A França, h averia de se im– pôr ao conceito universal, não só pel!a potência de s uas armas. se– não ainda, e melhor, pela rutilância do inteléct-0 de seus filhos. As questões de linguagem deveriam de ser dirimidas pela instituição . .Era no tempo em que o saber ler ou escrever r epugnava à alta nobre– za que retribuía larga.mente .a quem por ela isso o fizesse. Cada qual deveria conhecer a m,aneira pela qual transmitisse ao papel as suas idéas, de modo claro, escorreito, e accessivel a todos. A associação es– timulaJ:ia por certo. a quantos se quizessem afastar do cultivo do es– pírito de jeito, talvez, a não ascenderem a posições elevadas sem claudicar na redação de um simples bilhete congratulatório . Essa espécie de aristocracia intelectual pareceu não agradar muito ao Pa rlamento, cioso da conservação de seus privilégios que passou dois anos a prot~lar o reg~to do !nturo círculo intelectivo. até que por fim se dobrou a vontade mdomavel do inesquecível ministro. ' E .assim se fundou a Academia Franceza. Deu-lhe este nome a recordação de Academus, personagem len– dário da Grecia antiga, contemporâneo de Theseu o vencedor do minotauro. Academus doára à República, extenso terreno em. cujas alamedas, orladas de plátanos e oliveira.s,. 430 anos antes 'de Cristo. Platão, passeando de um lado para outro, dava aulas de filosofia. Os acadêmicos e11am chamados "imortais" e só podiam ser ad– mitidos mediante solicitação esc-rit a. A votação era feita po·r meio de bolas brancas e pretas. Para a vitória do candidato, havia m:Lstér que as primeiras, pelo menos em quatro, excedessem às .segundas. A Aca– <demia tinha um diretor, um chancéler e um secretário, este eleito

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