Revista da Academia Paraense de Letras 1950

tJ. ) ' r. 53 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS A CORRIDA DO FACHO VITAL recomenda-se pela graça es– pontânea do estilo que ameniza os problemas cientüicos. Estilo que, sem afetação verbal, rpreja volúpia pelo conhecimento dos fenôme– nos que aborda, dando-nos a simpática sensação de que esta.mos lendo a viajar em pleno oceano ou por terras estranhas, onde nos damos a conhecer com personalidades que nunca vimos. Aproveita– mos as horas gostosas que consagramos à leitura desse livro, tantos são os aspectos que estuda dentro da matéria versada. Sabe-se que os grêgos, como símbolo de zélo à imortalidade de Titan cometeram a um bando de atenienses a tarefa de manterem um fàcho perenemente acêso no altar de um santuário. Junto a este, o chefe soprava a flama, enquanto os outros acendiam o facho que empunhavam, saindo a correr para o Templo de Prometeu. onde era colocado. No trajéto, aquele cujo facho se apagava, o acendia. no do companheiro, e assim sucessivamente, até que um facho chegava sempre acêso ao destino . . Imagine-se o fervor olimpico que animava o bando de cavaleiros nessa perpétua consagração. Pois um como fervor assim, uma perseverança parecida transluz nos estudos do professor Hesketh Condurú. Na pesquiza da evoluçào da vida ressaltam as curiosidades dos m.'Últiplos fenômenos, repro– dução, constituição orgânica e suas caracte1isticas psíquicas ou mo– rais, hereditariedade nos bichos e no homem, etc. Prevêjo que A CORRIDA DO FACHO VITAL, em certos estudos, por exemplo, nos da:s fraquezas que deram penosa celebridade a Onan ,irá triscar a caturrice de moralistas que pretendem arrolha.-r esses fatos no boião de indevassavel s·egrêdo, que, afinal, rebenta em consequências fatais para a juventude. O professor Hesketh Condurú colocou-se ·ao lado dos que reco– nhecem a necessidade de esclarecer a juventude nesses assuntos in– t imas. Não é possivel proceder de outra forma ante os imperativos inevitáveis da natureza. Não é possível o disciplinamento dos ins– tintos por parte de quem desconhece o mal que resulta de deixá-lo às soltas. Não é caso para rir o que se conta de uma venus perdida, que no fim de uma sequência com marujos desembarcados de longo cru– zeiro, exclamára: Exausta estou, saciada, não! Quem salvará o mo– cinho inexperiente de uma dessas serpentes estuantes de luxurioso furor secreto? São tant-os. para os moços os perigos a arrostar nos do– mínios sexuais, que imprescíndivel se Ih~ torna a orientação do ge- neticista e do higienista . · Saiu-se airosamente o professor Hesketh Condurú na urdidura do método que adotou na feitura do seu novo livro onde a matéria científica se entremêa cC1lll as digressões através dum crómatismo ad– mirável de atrativcs para as diversas elas.ses de leitores. Nesta terra desaparelhada de recursos esteriliza-se a inteligên– cia produtiva, dotada de pendor para investigações no âmbito da ciência aplica<la ou experimental; e converte-se em inteligência di– vulgadora das conquistas alienigenas. · Na seára da divulgação cienti– fica tem operado o professor Condurú - sóbrio nas citações seletas, conciente na clitica, certeiro no aquilatar opiniões e observações di– vergentes. Demos ao emérito professor aquilo de que precisam os autores provinc-ianos: o apóio encorajador do meio para a movimentação de bons livros, que elevem os nossos créditos de h omens de estudo e mentalidade frutuosa .

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