Revista da Academia Paraense de Letras 1950

48 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Não deve limitar-:se a ensinar o seu próprio sab~r. mas o que sabe dos outros seus conddadãos mais notaveis, propagando-lhes as idéias e os nomes. o mestre deve ser, em que mal comparemos, como um comutafü1r que recebe, revigora e espalha ~ força extranha. o seu trabalho cultural da catedra terá efeito do som e da luz, lançados no espaço: propagar-se-ão pelo país, em ondas concentricas, que leverão a toda parte os seus ensinamentos. b) Pela permuta de livros. As obras que pla.smam os conheci– mentos e as idéias dum sábio são esse mesmo sábio que, não poden– do levar pessoalmente a toda pàrte os frutos do seu talento, entre– ga-os à letra de molde e ao público. E' wn mestre mudo. mas elo– quente, que se dirige a todos e se une a todos. cl Pelas livrarias especializadas e numerosas disseminadas no território. • ' As livrarias são benéficas e ótimos meios de proporcionar a cultura. Milhares de grandes espíritos desapareceram ignorados e estran– gulados pela ignorância, de ver que, sem livros e sem cultivo. uão puderam entrever o sol das almas, como diria o genial Martins Fon– tes. ~uantos, todavja, despertaram para a glória_da dência ~ da ht~– mamdade, por terem aberto uma vez um livro numa de cuJas pagi- nas se encontram a si próprio!... ' Oom que visão profetica o genial poeta castro Alves clamava: "Semeai, semeai livros à mão 'cheia" ... Iguaria do espírito, o livro facil e barato é o melhor auxiFo da educação pública. O livro é o'mestre amavel,'que ensina sem cas– tig-0 nem ameaça. E' o amigo invariavel que Jamais atraiçôa nem pede pagamento ou recompensa pelas lições que transmite. Paciente e bom, ele se confia a todos e é igual com todos na mu– dez fecunda da sua missão evangelizadora. Atendendo, pois, a que a divulg,ação entre todas as classes soclais é um dos melhores meios para o levantamento do nível da cultura, torna-se evidente a necessidade urgente de estabelecer em todas as cidades, vilas e povoados do Brasil várias ou pelo menos. uma li– vraria, na qual se encontrem trabalhos de todo ·genero de conheci– mentos. No ca:so de o meio ambiente não ter recursos ou homens capa·· zes desse comércio, o gove1no do Estado ou do M,unicipio incumbiria desse mistér ao professor do povoado, auxiliando-o finan'ceiramente. Realmente, para que o intercâmbio intelectual objetive a sua fi– nalidade. mistér é que ele interesse de certo modo a todas as clas- ses sociais, direta ou indiretamente.' ' dl Pelas viagens de estudos. Necessá'.tio é varias vezes que o professor ou técnico ou sábio se traslade para '1onge: ou para con– sultar arquivos e bibliotecas ou para estudar "in loco" o ru:sunto qu(' o preocupa. Um exemplo para ilustrar· a regra. Quando W. Fred. von Mar– tms se prop::z conhecer a flora bra.sileira ele transportou-se para o Brasil. E foi depois de bem conhecê-la, viajando pelo pais e obser– vando que ele escreveu essa "Flora Br.asiliensis" a obra máxima so • bre essa especialidade da Hilltória Natural, na opinião dos entendidr:s. Desse fato s,e conclui, como doutros semelhantes , a utilidade ãas viagens de estudos dos sábios.

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