Revista da Academia Paraense de Letras 1950
44 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Dissemos que o intercâmbio intelectual concorre para acelerai:– º progresso moral, espiritual e material dos povos. Nada tem de original esta assertiva. Eia vem da história da civilização e, principalmente, du história:. contemporânea. Com efeito, a monografia elos grnudes inventos e,onstata o ccn– r,µrso de inumeros outros homens, no aperfeiçcamento dessa desco– berta. O dir:givel DemQ~se!Ie, qu.e o imortal Santos Dumont inventa <: com que executa o vôo, ccntornando a Torre Eiffel, caiu rápidaménte no domínio dos técnicos de aviacão e em poucos anos aquela pe– quena e fra,gil ave metálica se tl:ansfoi·mou em auto-giros, nos pos– santes trin~otores, nos terriveis avlões de caça, de nossos dia"', cujos. motores agitam as camadas -atmosféricas. . Que dizer da rude máquina a vapor de Fulton , que impelia v·a- garosamente cs pequenos navios da época comparando-a às moder– nas, formidaveis construções de' complicadíssimos mecanismos, cuj,i fôrça propulsara arremessa à frente cindindo velozmente as águas, os transatlânticos de mais de 50 mil toneladas de peso? Que dizer da primeira rude imprensa de madeira, de imprimir, movida à mão ,em paralelo com as máquinas Marinoni, que entre– .-gam impressa e dobrada, a folha do jornal e do livro? E de modo idêntico todas as invencões humanas em todos os de– partamentos da atividade mental, vieram se ·aperfeiçàando lentamen– te e assim continuarão indefinidamente oorque tudo evolue. sem ja- . mais conhecer limite. • • Viemos; pois, que o progresso cultural em sua expressão de c1;1I– tura superior, quer meramente intelectual 'que se cbjetiva com ma1or– evidência, na filosofia, na literatura na' sociologia, na pintur~.. na a rquitetura, na escultura, na matemática no direito, na med1c!na, quer nas artes ou ciências aplicadas como a mecânica ,denuncia e concurso de milhares de espiritcs de qualouer clima ou raça. Uma das qualidades ou doi-is naturâis do homem civilizado é o- desejo de mudar para melhor. · O maior inimigo do homem é ã própria natureza cnde vive e onde tem de ambientar-se para sobreviver. E' <:erto que a natureza lhe fornece os elementos fisico-quimi– cos, com que forma e multiplica as células do seu organismo e as alimenta; porém, essa mesma natureza lhe opõe · entraves e duras: condições de vida. O sagaz observador visiona logo o homem como um hospede rri.altratado, na superfície <La terra. ' O próprio corpo humano concrecão dos fluidos dos element cs minerais da terra, impõe ao espirita a ditadura das leis mecânicas e dinamicas do universo, a que esse mesmo corpo obedece. O homem se encontra, por isso, na contingência de lutar conti– nuamente, para lograr a supervivência de sua personalidade, por al– gum t empo, ao menos, o máximo que lh'o permitam as forças desa– ~ e~adoras e_destrutoras de suas celulas. já exaustas e de suas ar– cenas destrmdas, ou de seu estado somático . Essa luta que as leis biológicas impõem ao homem para fact– litar a sua super".ívência no tempo, não é própriamente bélica,. feroz e supressora da vida dos demais homens que Lamarck e Darwm ob- servaram nos séres da natureza. '
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0