Revista da Academia Paraense de Letras 1950
REVISTA DA .ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 41 -petriêre nela ingressou Isidoro de Azevedo Ribeiro, que partira para -a Europa em busca de aperfeiçoamento profissicnal. Depois de vários mêses de estudo regressou a Belém, reassumindo os cargos de diretor 1o Tocunduba e de médico do entã-0 Hospício de Alienados, nessa €PO– ca sem diretor próprio e diretamente subordinado à diretoria geral de Higiene, que abrangia todos os setores da Saúde Pública do Estado. O velho casarão, do Marco guardava ainda as trágicas caracteris- 1-icas daqnêles lúgubres depósitos de loucos que existiam na Europa no século XVIII. Algêmados e acorrentados aos troncos, os desgra-· çados que lá viviam deviam oferecer uma visão perfeita dos círculos ,Jo inferno descritos por Dante. Iniciando uma reforma geral no an-· tiquado hospital, Isidoro de Azevedo Ribeiro teve a glória de ser em 11ossa terra o libertador dos loucos pois foi êle que os arrancou das -correntes em que viviam algêmadcs. Só êsse fato bastaria para torná-lo digno da estima e da gra- tidão dos paraenses. • Na grande reforma que empreendeu no hospital merecem deS•· 1aque os novos serviços de estatística, de hidroterapia e de- eletro– terapia. Augusto Montenegro, em 1908 tornou autônomo o Hospital de Alienados e nc,ineou-o diretor com prêmio dos serviços que prestára. No duplo mister de diretor e de médko do Tocunduba foi até quase o final de sua vida a voz consoladora naquêle recanto perdido da humanidade. Fóra de'lá manteve clínica particular pata os atin– _g:dos do mal de Hansen, sendo convidado em 1933 pelo Intervcnt.or Fe'!eral no. Estado, para representar o Pará no Congresso de Lepro– log1a, reunido na capital do país. Professor de clínica médica na Faculdade de Medicina trans– mitiu com sinceridade aos seus alun-::s os conhecimentos adc:uir ido:; 110 longo exercício da sua atividade profissional. · Diretar que foi da Santa Casa percorreu o caminho acidentado cnde a má fé ou a ignorância de ims e os interêsses inconfessáveis de outros, atiram pedras e semeiam espinhos. Lev,.ado pelo desejo de servir· à sua terra em qualquer setor on<ir: fosse convocado, exerceu o mandato de vc-gal da Intendênc.ia de Bt'-– iém, cargo que hoje corresponde ao de vereador da Prefe.tura Mu– nicipal.. Com a queda _polit~ca do Senador Antônio L_emos, de quem. !oi médico e amigo, abandonou definitvamente as lutas partidárias para uão ser obrigado a pelejar no terreno onde o lodo das paixões afunda certos homens, transformando-os em pigmeus. Interessado sempre na evolução e no aperfeiçoamento da me– dicina, organ:zou em 1924, um modelar gabinete de fisioterapia, o primeiro no gênero, que foi criado em nossa terra. Mas u seu espírito esclarecido sabia ·que além dos· horizontes da terra existe -0 horizonte infinito da ete_rnidade para onde parte a alma, depois da morte, em busca do Criador. ' As teor:as materialistas que destruíram o sentimento religioso de tantos homens da sua época, não lhe abalaram a crença. O posi– tivismo de Augusto Cont e, os estudos antrcpológicos de Broca, o n~– turali.smo de Darwin levantaram a onda de incredulidade que asf1 - xiou a religiosidade de duas gerações . Essa onda, porém bateu ~m vão na firmeza das suas convicçêes, permanecendc-lhe no coraçao, viva e rutilante, a chama sobrenatural da fé. Os tempos correram. e as doutrinas materialistas foram de.:,truidas pelas investigações da própria ciência. A famosa monera de Haeckel, que seria o sêr vivo
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