Revista da Academia Paraense de Letras 1950
HISTORIA DE UMA VIDA Por E. DE AZEVEDO RIBEIRO No Instituto Paraense de História da Medicina, na sessão de 2!l de agosto de 1948 o acadêmico Eduardo Valente de Azevedo Ribeiro proferiu o seguinte discurso ao empossar-se da cadeira "DR. !SIDO_: RO DE AZEVEDO RIBEIRO", seu ilustre e saudoso genitor, um dos grandes nomes da cultura cientifica paraense: Senhor Presidente: Que as minhas primeiras palavras nesta solenidade sejam de n.plauso aos que fizeram medrar em nossa terra o Instituto Paraense d:e História da Medicina. Cultuar a memória dos que dignificaram a profissão médica é dar o merecido prêmio aos que, pelo seu valor in– telectual e inteireza moral, se tornaram dignos do respeito e da ad– miração da sociedade em que "viveram. E' render um justificado prei– to de admiração áqueles que honraram o sacerdócio da medicina mi– tigando a dor e o sofrimento humanos num labor que pode ir da ab– negação ao sacrifício. Abnegação quando esquece os proveitos mate– riais, e, sacrifício, quando além disso no cansaço e na velhice, enxuga lágrimas e alivia padecimentos, esquecendo a própria dor e o próprio i;ofrimento. Como patrono da cadeira que ora ocupo figura o nome do meu ialecido pai. Ao traçar o seu perfil que seja a minha oração, além dP. expressão de amizade, a voz da verdade e da justiça. Não quero esconder a emoção que me domina neste momento. Emoção profunda ao evocar a memória daquêle que, além de pai foi o mestre e o amigo. Emoção que é feita de afeto e de saudade, e'que o tempo, em vez de destruir, aviva e perpetúa. Isidoro de Azevedo Ribeiro teve como antepassados oficiais do nosso Exército. A vocação das armas desabrochou-lhe no albor da adolescência e foi a primeira inclinação de seu e,spírito. Contrariando ;\ oposição da familia, que não o queria na vicia militar, chegou a tomar um navio que demandava a capital do país. Mas, ainda de menor idade, foi impedido no seu intento. Mediante concurso realizado com êxito ,ingressou na Alfândega de Belém. Pouco tempo permaneceu nessa função . A profissão médica, atraindo-o cada vez mais, fê-lo ingressar na tradiciona l Faculdade de Medicina da Bahia. Foram seis anos de lutas passados entre a rigidez da mezada re– duzida e os afazeres de um curso realizado com esmero. Triunfando das agruras de estudante pobre, o seu temperamen– to a legre transformou, muitas vezes, as h oras de lazer em momentos c.:e sadia e comunicativa alacridade. De posse do diploma volveu a Belém para iniciar o exercício da mais espinhosa e também da mais nobilitante das profissões, sobre. tudo para aquêles que não se limitam ao conhecimento teórico de
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