Revista da Academia Paraense de Letras 1950
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 37 E por aí seguia numa mistura de estarrec·er. • No entanto, a poesia que ele denominou CIRIO DE NAZARÉ, te– ve os seus louvadores e ganhou fama. No "JUIZO CRITICO SOBRE AS OBRAS LITERARIAS DE FE– LIPE PATRONI" teve o Barão de Guajará, a coragem de analisar os seus trabii.lhos literários destruindo a mistica que se havia forma– do em torno do famoso~ propagandista da constitucionalização por– tugueza. E' uma obra de critica vigorosa de analise serena e verdadeira. Vale destacar ainda os artigos e os ensaios publicados nos jornais e revistas do seu tempo, sendo que as "VISÕES DO CREPUSCULO", foram escritas quando Raio! contava 68 anos de idade, e o seu es– pirita permanecia jovem e agil como nos dias em que no dt>sejo de dotar a sna terra de uma obra notável e duradoura percorria os ar– quivos da cidade, e deixava-se ficar horas a fio preso aos codices, avolumando o documentário, que seria a sua melhor contribuição ao estudo do maior movimento revolucinário da Amazônia. Eis, ai, em ligeiros traços o perfil literário de Raiol. A noticia da sua estirpe, o conceito da sua obra, identüicados o homem e '> escritor no plano em que os observamos. o homem, incapaz de es.– ccmder a saudade do pai que viu morrer assassinado no grande dra– ma da cabanagem; e o historiador, expondo ao julgamento da pos– teridade, com tcdos os seus erros e todas as suas virt udes. . aqueles mesmos cabanas, que ainda hoje não sabemos bem se foram cr~ino- sos ou heróis . • Há uma coincidência nesta solenidade oue eu desejo destacar. Numa tarde de domingo - a 20 de novembro de 1898 - nm casal ditoso e modesto, - ela paraense, de Belém - êle gaúcho. de San– tana do Livraml;!nto, festejava, louvando a Deus pela felicidade que ihe descera sobre o lar, o nascimento do filho. Com que ternura. com que jubiloso afeto. o casal contemplava o primogenito acompanhan– do-lhe o olhar impreciso e dizendo com aquela .alegria' que só os pais possuem: "O' ninguem, ninguem pode imaginar O milagre que em mim fez essa tarde A luz de seu olhar!" · ' De mãos postas defronte do santuário da familia oravam todos C'S dias, irr.plorando a misericórdia divina para o filho' que começava a viver para o mundo. _Dois anos depois, aquela mãe carinhosa e san– ta era chamada ao remo do Senhor. Morria com o pensamento no fjJho, pedindo a Deus pelo seu futuro, pela sua felicidade. Deixava ao esposo tão aflito como apaixonado, o encargo tremendo da formação espiritual daquela criança. ~uito cêdo, ainda, na florescência da vida quiz o dest.ino, que o filho, também, perdesse o pai. • Cumpriu-se a vontade de Deus. E essa criatura, orfã no mundo caminhou sob os impulsos do seu coração pela vida afóraJ tendo apenas como herança paterna um nome para honrar e defenuer das contingências humanas. Depois, encontrou na encruzilhada da vida quando a primavera da idade é a estação que doura o caminho dos sonhadores, a mulher que tinha para êle,
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