Revista da Academia Paraense de Letras 1950
34 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS os vigienses mortos nesse dia, estava o verea:dor Pedro Antor:io Raiol. Tinha Domingos Antonio cinco anos. Porém do <,eu espírito não :.airia :nunca m.ais, aquele quadro trágico, ~quele fim dramatico do <:eu pai e o choro convulso da sua mãe. Os cabanas haviam destruido a sua alegria. Torturado o seu lar. Enchido de lágrimas os seus olhos. E n esse instante emocional tracou t alvez o seu destino se é que os homens são senhores da sua vida. ' · ' E trinta e cinco anos depois aparecia no Pará um historiador prcfundo. Domingos Antonio Raiol lançava o seu primP.iro volume dos 'M.'OTTI'l"S POLITICOS". Havia de ser êle próprio o mais autorizado cronista da cabanagem. A tragédia do Trem de Guerra havia de ter o seu revelador. A OBRA Em maio de 1865, saia da Tipografia do Imperial Instituto Ar– tístico do Rio de Janeiro, estabelecida no largo de São Francisco, o 1. 0 volume dos "MOTINS POLITICOS". Era a estréia de Domingos P.aiol, no campo vasto das letras históricas. Trabalho de folego o au– tor esclarecia no Prefácio desse primeiro volume, que a obra estava dívidida em três partes, abrangendo o ciclo mais agitado da história politica do Pará, desde o movimento constitucionalista português, que deu causa à convocação das côrtes gerais em Lisbôa, ao drama da cabanagem. Tarefa árdua se considerarmos a deficiência !ia documentação existente nos arquivos públicos, do que já se qneix.a-va Antonio Ladis-'– Jau Monteiro Baena, nos primordios do seu monumental "ENSAIO COROG.RAFIOO", mais ardua, ainda, porque Raiol escrevia sobre fa– tos latentt>s na memória dos seus contemporâneos, sujeitos por isso mesmo às apreciações mais diferentes ao sabor das paixões partidá– rias da época, contudo conseguiu impôr-se à cl'itica do seu tempo. Deputado liberal à Assembléia Geral Legislativa c!o Brasil, era possível que as conclusões expostas nesse primeiro volume, fossem tidas como produto do credo político que abraçava. Ferreira Pena um dos seus julgadores rebatendo as insinuações estampadas nesse sentido chegou a asseverar na critica que traçou no "Jornal do Amazonas": em dezembro de 1865, que - "não via ra– zão para se duvidar da sinceridade do autor". Outros juizos criticas surgiram na côrte e nas provincias. Sinal de que o trabalho de Raiol havia obtido a repercuss!i.o necessária a uma obra de tamanho alcance. Três anos depois, em 1868, aparecia o 2. 0 volume dos "MOTINS", editado em São Luiz do Maranhão. Revelava materia vasta, numa substanciosa analise dos acontecimentos desenrolados no Pará. desde a posse do Visconde de Goiana ,na presidência da Província à abdi– cação de d. Pedro I. O 3. 0 volume só 15 anos decorridos era lançado no Rio de Janeiro, impresso na tipografia Hamburgueza do Lobão, à rua do Hospício. Começa nesse terceiro volume a narrativa circuns– t:lnciada e por tcdos os títulos a mais séria da cabanagem . Quando a Hamburgueza do Lobão deu a público esse terceiro volume dos "MOTINS", já estava Raiol agraciado com o titulo de Barão de Guajará e era o presidente da Província de São Paulo . Po– rém nem a graçà do Imperador, nem as obrigações administrativas de um.a província importante, como era aquela. modificadam o_es– pírito de Raio!. Continuou, por isso mesmo. a escrever, ª pesquizar, l I
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