Revista da Academia Paraense de Letras 1950

J.. .J REVISTA 'DA ACADEMIA PARAENSE l>E LETRAS 33 Entre os carnaristas citados por Nicolao da Costa, figurava Iná- :eio Raiol, u·m2,o de José Raiol, da Companhia de Ordenança. · No conjunto dos nobres da Vigia, estava João Duarte Raiol. Foi isto em 1733. Não há qualquer referência nesse ou em outro documento ~a. mesma época, sobre o gráu de parentesco de Jcsé, Inác·io e João Raiol, por co.ncidência todos moradores na Vigia. e pessôas de destaque na. :admini-stração e sociedade da vila. Não existe dúvida, porém. que pu·– tcnciam todos à mesma familia e provinham de igual estirpe. Tam– oém não é feita nos anuários genealogicos brasileiros a mais ligeira alusão à existência de outra familia de igual apelido, residente em qualquer parte do Bra..~il-colonia, o que nos leva a presumir que os primeiros desse ramo, viéram diretamente ao Pará nos fins do sé– 'Culo XVII, ou princíp:os do XVIII. estabelecendo-se 'na Vigia. defini-– tivamente. No ano de 1764, aquele mesmo Inácio da Costa Raiol. que fôra -camarista no tempo do capitão-mór Nicolao Pereira da Costa. aparece já maduro de idade e coberto de honra.rias e.orno juiz ordinário da ~~- . Um século decorrido desde que José Raiol apareceu nos anais da. Capitania servindo ao Rei de Portugal com ~- bravura e a lealdade dos velhos e altivos soldados lusitanos era eleito Vereador da segunda. Ca.mara constitucional da Vigia um outro Raiol Pedr:i Antonio de nome, e a quem o destino havia• reservado um fim trágico. ' No primeiro quartel do século XIX Pedro Antonio casava-se éom <l?na An:angela M?,ria da Costa. A 30 'de março de 1830 festejava o d1LO.'W c~sal o nascm~ento de um filho varão, a quem puzeram o n~me <le Do~rngos Ant.om<;>. Na suntuosa igreja êa Vigia. que os jesu1ta.s constnuram e denommaram de MADRE DE DIOS e oue é ainda um dos monwnentos mais notáveis do Pará foi batisàdo Domingos Anto- nio R,aiol. • Perto ela igreja ficava a casa da camara e um pouco mais dis– tante, na rua de Nazaré, angulo com a travessa do Passi.nho, estava o Trem de Guerra. que era o ãepósito das annas e rnunicões do de&- tacamento de linha. · .Cil1co anos _clepo!.c, do nascimento de Do::ningo. 5 Antonio. a Pro– víncia era sacudida _pelo levante espetacular dos cabanos. A revolta tomou conta _de Bel~rn. Espalhou-se pelo interior. o povo em armas Jntava pela llberdacte. Era o grito ouvido em t odos os recantos da terra paraense. U'm levante da multidão contra o governo tirano de Lobo de Sonsa. Teve. então, ccmeço, o ciclo cabano. A Vigia não podia escapar às contingências da ép0ca. A 23 de julho de 1835. um bando rebelde a tacou a vila. obrigan– CTO os seus defensores a refugiarem-se no Trem de Guerra. Entre os .':iti.ados estava o vereador Pedro Raiol. Reconhecida a superioridade dos cabanos. deliberaram r s sitiados içar uma bandeira branca. pro– ,~urando desse modo aca lmar a furia dos rebeldes. A rendição, supu– nham, c·cnteria a horda, pondo fim a sangueira que ia pel~ cidade . Aceita a paz pelos vencedores foi dada ordem aos refugiados q~e deixassem o Trem e viessem para à rua desannados. porque naçl!i; ma1s lhes aconteceria. E assim foi feito. Abriu-se a porta do precano ar– senal. E quando os seus heróicos ccmbatentes p isaram a rua. uma descar ga cerrada abateu -os, caindo uns mortos, outros feridos. en~ qn"'n to os revoltoscs desvail·ados carregavam novamente as arma5 e ;tiravam, impiedosamente, sobre os remanescentes do Trem. Entre

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