Revista da Academia Paraense de Letras 1950

30 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS A:.ssim não seriamos rigorosamente justos se não ajuntassemos a esta pálida homenagem ao grande vulto brasileiro, o nome. também entre nós imortalizado desse outro grande brasileiro que foi Lauro Sodré. ' Lauro Scdré, fugindo às normas políticas de apoio ao mais forte, que tem sido a norma dos pequenos Estados que nada pesam na ba– lança da Federação, e, contraria ndo, t a lvez, o gesto oportunista de alguns políticos refratários à ética social, tomou a resolução sapiP.n -• t íssima de apoiar sem ?:eservas a candidatura de Rui Barbosa à su– prema magistratura da Nação . J ama is subiu tanto Lauro Sodré . Ja.– mais se elevou tanto a terra pa raense. Nem mesmo o ges to assom– broso e desassombrado do incomparável repúblico. por ocasião do fa– moso golpe de Estado, de Deodoro da Fonseca , o elevou a tamanha a.ltura . Que se honrem disso aqueles que tiveram a fortuna de nascer nesta terra abenço-ada, onde o homem sate amar a sua liberdade e profligar a opressão com o sacrifício da própria vida . Rui Barbosa foi um símbolo . Já por fim nos últimos momentfis de sua vida sentia que. em torno de si, rondava "o marasmo. a es– tagnação das vontades honestas a inercia das simpo.ttas acobarda– das e irresolutas". E' que o Brasil se preparava para uma nova fase, noite escuna que se vinha aproximando para garrotear a liberdade - Muitos dizem que se Rui Barbosa vivesse talvez o aspecto politico dCl Brasil tivesse tomado outro rumo . Infelizmente o mal é universal . Sente-se que a democracia agonisa. pela má vontade de alguns, pela maldade de outros, ·pelo desinteresse de todos Washington Luís levou ia sua cruz ao Calvário . E cumpriu heró!– camente o seu dever de brasileiro seguido n este particular entre nos pelo eminente dr. Eurico Vale que então governava sábiamente o Pará . ' . Daí por diante como sabemos, entrou o Brasil num r ~g!ffie. de <htadura. ditadura branca, segundo •alguns. mas a escrav1dao e a mesma qualquer que seja a pigmentação da péle . bra n~3:. n egra m1 vermelha . Um ilustre escritor se me não falha a memona. M.ontes– quieu, já dizia que o vocabulo "ditadura " foi criado para substituir elegantemente o vocabulo "despotismo". De então para cá vem. surgindo duas fases sucessiv3:s qu~ se al– ternam de quando em quando: ou a ditadura sem constitmçao ou a ditadura constitucional, muito pior que a primeira. Outro Rui Barbosa n ã o mais apa receu. Mas, também, para qu~? Deixemo-lo onde se encontra. l\.1Xiit o fez pelo Brasil. Abrindo um, dia o seu coração numa festa onde lhe prestavam a homenagem de um reconhecimento, assim falou o imortal bra8ileiro: . "No crepúsculo melancolico da morte, por entre as_ s<;>mpra:> que ba ixam de tcdos os La dos silen ciosas e densas . a r emm1sce!1c1a de uma simples inten ção benfazeja pode irisar a pupila ma r eJada do aflito". Que lhe fique pois como último con<;0lo a lembrança dos bons➔ das cria n ças dos moços dos adultos e dos velhos que, !obrigando a a.ção ben eficà daquele incomparavel batalhador das liberda des huma– n as, h ão, de, a cada passo, reconhecer q ile o Brasil foi moralmentP. gra nde enqua nto viveu Rui Barbosa só se podendo fazer _um par~_. Jélo do nível moral a que foi elevado' com a imen sa exten sao geogra– fica de seu t erritório . . \

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