Revista da Academia Paraense de Letras 1950

28 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS t!lvam na frase era uma cambiante da ordem que existe no Uni– verso. O artista era uno: nele se integravam o jurista e o politico Dava a impressão, conforme seu biografo, de uma montanhà que Sf? afastasse mais da base: "Centro de um circulo que se diiatava, rece– bia, de baixo, pelos raios multiplicados com a ascenção, as emoçõec que ali lhe chegavam em balbúrdia . De cima como raios dourado.!.' lhe fechando o halo, lhe vinham as sugestões da natureza. A medida que se distianciava da massa dos indivíduos, mais sen– tia a sociedade. Aquela era a confusão .Entre uma e outra neces– sidade ,que postas em movimento seriam o movimento e a vida. in-'– teresses opostos se colocavam tornando-as estereis, quando não in - conscientes. A soeiediade sentida era· a que resultava da ordem nova, çue as aspirações nacionais manifestadas à luz da sua palavra, as– sunuam na altura, como no 'éter se integram atraidcs pelas afinidades reciprocas, os produtos dissociados do baixo relevo terrestre à luz dos raios solares". A bagagem de Rui Barbosa no que concerne ao traço marcante de sua individualidade, como jurisconsulto, é simplesmente admirá– vel. Foi, sobretudo 1 advogando que se revelou o jurista notavel _ pa-' ladino das liberdaaes humanas fulcro de todas as atividades jurídi– cas, no direito judiciário ou em qualquer ramo do direito privado : Constitucionalista emérito se tornou celebre nos anais forenses c!a P.O~ grande pátria, a interpretação culta e inteligente. que de1.1 .'lo instituto do "Habeas-corpus" que passou du11ante mmto tempo a garantir entre nós muito mais do que a Überdade de ir e vir, e foi muito além, garantindo os direitos incontrovertiveis que por vezes o prazer tiranico dcs despotas "esclarec:idos" calcam aos pés com !;>aS • mosa conagem. Os tribunais de então. assegurados e orientad9s p':llo seu imenso saber, chegaram a garantir por esse meio o exew1cio de mandatos políticos criminosamente esbulhados. Foi, porém, grande, Rui Barbosa, incomparavel ,e sober~1:amen– te brasileiro no setor político de nosa pátria. Dentre os pol1t1cos na accepção sadia do vocábulo, foi Rui Barbosa, incontestavelment_e, o maior de todos, dentre os do Brasil . E' admiravel o que nos delx0u de sabio, de útiJ, de bom, na campanha civilista. E co:ip.o _fez vibrar.o sentimento nacional! O movimento tinha então a aparenc1a da mare- 1nontante, quando ele próprio o de~crevia: "O movimento persi_ste . O movimento cresce. O movimento se inflama . O movimento vai como ai-: inundações, de monte a monte . Todo o Brasil vivo se levanta . A nação está de pé e em marcha. E' o batismo do povo na democraC'ia . E' o renascimento da nossa nacionalidade". Isto foi em 1910. Mas. na sua linguagem candente era preciso que se estabele– cesse a distinção, por isso que sob a república, pouco mais que nas– cente não lhe diminuira ainda o respeito que sempre. demon?trou pela farda gloriosa do glorioso exército nacional. E assim exphca~a. o ~ u pensamento para que nas suas atitudes não se pudesse lobrl– gat uma contradição, mesmo aparente: "A minha esti.ma às classes armiadas não é o vil instrumento dos ambiciosos cortezãos e sicofantas da força. E' o sentimento veraz· e livre do patriota. Na mesma razão de simpatia que me inspiram a.s <.'lasses militares está o horror que me infunde o m_ilitarismo''.. Ultimada a campanha e realizadas as eleiçoes, verificou-se, quando nada, que Rui Barbosa., com os seus maravilhosos discurso.$,

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