Revista da Academia Paraense de Letras 1950
TERÊNCIO PORTO MURU..O MENEZES Agora que se acha vaga no cenáculo da Academia, a Poltrona que tem por patrono a figura quase que desconhecida de Terêncio Por– to e, "8.be -me a mim. seu d!scipulo e amigo, elucidar a geração nova, sobra essa cerebração de verdadeiro intelectual Há poucos dias, conversamos com o dr. Acilino de Leão sobre o preenchimento da cadeira que tem por simbolo o grande "conteor'' patricio fiquei surpreso do ilustre clinico e homem de letras con– fessar que apesar de ter vivido sempre no Pará com exceção de al- gumas viagens, -:- não havia conhecido Terêncio Porto. _ Resolvi, então, escrever esbas linhas, como uma recordaçao de minha juventude. Em tempos longinquos houve em Belém uma pleiade de rapazes novatos nas letras, que se abrigava nas colunas de um jornalzinho literário, que circulava quand_o Deus dava bom tempo. Era "O Pará". o idealizador dessa folha foi o consagrado poeta Martins Santana, paraense de nascimento, e iatualmente fazendo vida em :M;anáus. San– tana. que hoje é bacharel em direito e lente catedrático em varias escolàs de ensino superior. da capital do Amazonas - naquele tem– po era tipografo do "O Estado do Pará" e pobressimo. Mas possuia uma inteligência formosa. José Martins Santana é o seu nome idealizou o jornai mas nii.o tinha recursos. A idéia foi comunicada à mim garoto da sua idade a Francisco Leão, a Randolfo Serrão e a Roque Menezes. ' Oc-mo solucionar o caso? Leão teve uma idéia . Faria aniversário por aqueles dias, um político de nomeada. E se os futuros redatores do "O Pará" fossem com essa potencia politica, e confessassem as suas dificuldades de– clarando mesmo, que deseJariam publicar a folha em homenagem a s. exci.a.? A lembrança era bôa. E foi eleita uma comissão para se enten– der com o magnata: eu, Leão e Randolfo . Uma noite, lá fomos, à casa do potentado, que ficava em São Jeronimo. o grande chefe, tipo magro e moreno, não escondendo mesmo a sua ascendência afra, engenheiro formado em Paris extremam.en ..'. te simpático, lembrava multo aproximadamente o retrato do Rei Hen– rique IV, o Bearnez, de França, e estava jogando bilhar com depu.– tados e senadores. Ao saber que alguem _queria falar-lhe ,,aproximou-se de taco na mão convidando a comissao a se sentar numas cadeiras estofadas e acercou-se de nós paternalmente, com ar risonho. Nós três embatucamos, sem saber como principiar porque se tratava de fazer um pedido audacioso. ' Mas criando coragem, eu disse:
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