Revista da Academia Paraense de Letras 1950
20 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Sóbe o corcunda pela torre branca e, escanchado no tí.mpano dolente, deseperadas vibrações arranca, tal se quizesse, no furor profundo, que aquele amôr brutal e impenitente se espalhasse em gemidos pelo mundo. II São dois a, . a.~ar.. Gringoire _ o inconoclasta te:m cium.es do 1:orcunda. E, . entre assobios e pedradas, a turba dos vadios de assalto, a augusta catedral devasta! Pelos bêcos obliquos e sombrios corpo disforme e trôpego se arrasta e ' rosna e funga, ao silvo da vergasba dos e'striões sacrilegos e frios! Vai sucumbir. E dos seus lábios tortos sai uma triste gargalhada esci-ava - última VO'Z dos sonhos que morriam! a gargalhada dos . desejos mortos, que ele, embalado no cordel, soltava quando os dolentes carrilhões gemiam! III Nos arredores de Paris há um monte. E a populaça em costumeira balda vê surgirem, no píncaro defronte ' do:.s espétros - Quasímodo e Esmemlda. Solitários, vagueiam pela falda, aguardando o luar que além desponte. Ele - beija-lhe as flôres da grinalda; Ela - com as mãos lhe acaricia a fronte . Galgam depois o alcantilado abrigo. Erguem, sutfa, a lousa do jazigo e, ao merencóreo olhar da lua cheia, por sobre os remotíssimos destroços, abra!,)am-se a cantar e, unindo os ossos, d.esmolecularizaan-se na areia! ... •
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