Revista da Academia Paraense de Letras 1950

r r REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ] 3 ra os tril.ll' Jos e para as glórias da guera moderna, sob o duro co– mando de um Cavialcanti, o general Newton) . Meu pai, cearense natural de Granja, que deixára o Seminário de Fortaleza às proximidades da "tonsura" elegera Pernambuco sua nova terra em que afinal dormiu o último sono na mesma cidade de Paudalho 'aonde exercêra a advocacia popular e o magistério. Fez ao contrá'rio do meu avô, que, nascido pernambucano, após um ro– mance de ,amor, emigrou para o Ceará, acnde morreu, depois de professor de várias gerações e de deputado provincial em duas legis– In.tuxas. ao tempo de Pedro II, de quem ·foi amigo, da tempera de Egas Moruz. Minha Mãe uma Cavalcanti, deu ao mundo quatorze filho.s, de que fui o nono, e de que sàmente à -alvorada deste 1946, além do au– t-or destas linhas restam um dos mais velhos da turma em marcha acelerada para os setenta, e mais ~rês irmãs, devotadas mães de mui– tos filhos que florescem na Paraiba e em Pernambuco aonde tam– bém viceja sob o calor nordestino e os ares do mar Atlântico a relva tenra dos netos, que se vão multiplicando, como do ensinamento de Jesus. Era meu Pai um homem que já conheci grisalho austéro de feicões desde a campanha do Paraguai em que serviu sob o coman– do ·de Osório no Passo da Pátria. Sereno e tranquilo comedido em palavras e gestos, pouco amigo de conversas, era o contrário de do.i.S de seus irmãos, que também deixaram o Ceará per Pernambuco, um deles pertencente à grei de Joaquim N!a.buco Silva Jardim José Ma– riano e l'vl"...artins Junior, na sementeira das idéias em propaganda da abolição e da mudança do regime, tendo até sido candidato à Pre.si– dênd a da República, ao tempo do primeiro pretendente civil. Pru– dente de Morais. Minha Mãe que foi sempre a emoção maior e mais acrisolada de m.inha vida, eu a conheci por mais tempo que meu Pai. que me deixou para sempre aos meus doze anos. e foi cem ela que convivi mais setem.bros. até qu~ t:migrei voluntariamente para as plagas ver– de-esperança da Amazoma, quando ao deixar ela o mundo escrevi pela "Folha do Norte" uma página de saudade. que jamais reprodu– zirei - "O MEU TESOURO PERDIDO": Minha mãe era bonita Era toda a minha dita Era todo o meu amor ... Nesse ritmo era que eu e os meninos de meu tempo recitavamos uma linda pcesia. da "Seleta Clássica". de João Batista Regueira Cos– ta livro que percorreu todas as escolas pernambucanas em muitas gerações. Minha infância, pois, decorreu assim sob a severidade de cos– tume~ de :Meu Pai e a ternura infinita de Minh9. Mãe, a influência bendita do tmbalho no engenho e nos campos a convivência de mui– tos irmãos e amigos todos, com idas e venidas 'de carros de boi cuja toada plangente, ao longo de Caminhos interminaveis parece que ainda hoje_ coI?-o que escuto, p9rq_ue fôr:a a música mais impressiva de meus prJJn.e1ros anos, e que so tmha rival nas violas enfeitadas dos cantadores se,rtanejos, que celebravam. mais ou menos assim a ben- dita alegria de viver: · · •

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