Revista da Academia Paraense de Letras 1950

) ... Memórias de um lidador A "Folha do Norte", em edição de 1. 0 de Ja– neiro de 1946, comemorativa do cincoente– nário de seu aparecimento em Belém do Pa– .rá, publicou o capítulo que se va.i Iêr, das , "memórias" que estão sendo ainda escritas p_or PAULO ELEUTÉRIO, Seuior, atual p1•~– s1dente da Academia Paraense de Letras. . !*) CAPíTULO I Reminiscências da primeira infância .. A poucos passos de um engenho de fabricar açúcar. 0 ''Forta– leza", que não mais existe, mas que se erguia. em suas so~rias linhas · colr niais. a duas leguas do burgo do Divino Espírito San~ 0 de Pau– dalho. na outróra Província de Pernambuco, do Império d">· Brasil... · viu a luz do mundo o autor destas páginas de memórias m ..m sábado·· dia agitado de feira na cidade. . . • · '· Em que data, em que mês e em que ano? Não vem a belo averi– guar. senão que o decurso de ma is de meio século trouxe, li, vaga i"e•• miniscêm::a dos fatos. uma suave penumbra. de que se; vai tentar romper a tessit_ura do tempo. para a natural curiosida~ê de algur~•; netinhos, descuidados e felizes. · Da longínqua infânci~ apenas recordo que a minha aiegria maio-..: era o banho no açúde, que ficava ainda mais perto que v engenho porque à ilharga da casa paterna. contornando mesmo parte dela . 8 1~ gumas vezes invad~d~ pelas água.s quando, no inverno, o •·~r{gr~– douro" não dava fac1l esco,amento, porque interceptado pelas p1.,i 1 . tas aquáticas, ditas ninfeaceas, peles botânicos. Banho pela manha , banho ao meio-dia, banho ao fim da tarde, sempre em companhia de irmãos e vizinhos. todos menores> porque, quando os maiores esta.– vam nágua. atirando-se "cangapes", ninguém se aproximava deles mesmo para jogar cacos de telha, ou pedrinhas chatas cem que .fa– zíamos "galinha dagua" ... Outras vezes íamos todos (sempre em grupos pois os meninos do inter:or são· muito amigos). brincar de apostar carreira. ao longo dos caminhos próximos . dentro ou não do cercado do engenho; íamos também aprender a montar a cavialo a tanger bois a fazer o "rocleio• 1 do gado 'menor e na época da "botada" do engenho - que era o co– meço da moagem' da cana - tomar pa r te nas festas que ccmtanun9,– va:m de intensa alegria toda uma sociedade multifaria, desde a cha– mada aristocracia da "Casa Grande" ao famigerado pessoal do "eito".

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