Revista da Academia Paraense de Letras 1950
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 9 Depois é que vim. encontrar em Élisée Reclus, a palavra justa.; " ... O limite natural no corpo continental é indicado nitída– m,ente pelo estuário do Prata e pela confluência do rio Uruguai. Qualquer outr.a. fronteira é relativamente artificial" Os nossos m.aiores. dês dos tempos da conquista, tiverrum o mes-– mo pensam.ento julgando o Prata o limite extremo do Brasil. Jamais ligaram importância à linha de T.orde:,"i.J.has, · que reduzia o pais a uma faixa litorânea. Martim Afonso de Sousa, donatário da Capitania de S. Vicen– te, já antes de 1534 percorrera a costa do Brasil. desde o cabo de S . .A,gostinho até a Ilha das Palmas, no Rio da Prata. Em 1680, no reinado de ·D. P•edro .II de Portugal, foi fundada a Colóni~ do Sacramento 1 na margem esquerda do Prata. Exp~os nes– se mesv10 .ano, cs ponugueses a recuperaram no ano segmnte e a ·conserv11ra:m durante vinte e. quatro anos. Perdida em 1705, é recu- perada por Portugal em 1713. · Em 1810, quando Artigas vencera os espanhóis, o Vice-rei pediu a proteção ãe D. Carlota Joaquina, princesa castelhana e mulher de D. J-cã.o VI, e um exército português de. 3.000 homens atravessou a f.ronteira. E Artigas passou para a ma.rgem ocidental do Paragu.ai, seguido em massa por uma multidão de mais de 15. 000 pessôas. Era o êxodo da população de origem espanhola, que devera ser seguido p::i-r um plano de colonização portuguesa, de açorianos por exemplo, que já · haviam integrado ao Brasil o Rio Grande do Sul, também fóra da linha de Tordesilhas. Em 1816, o exército do General Carlos Frederico Lec-or invadiu o território da Banda Oriental. Em Nc-vembro, Lecor atravessa a fronteira, toma Maldonado em Dezembro e a 20 de Janeiro de 1817 entra em Montevidéu. ' ' Estava, assim, consumada, a conquista ão nosso limite geográ– fico natural e o domínio pacífico ia-se estabelecendo. "O chefe superior das forças de ocupaçã.o, o General Lecor. ilus– trado, valente e audaz, depois de em.pregar a violência para vencer, ia naturalmente apoderar-se do coração dos vencidos, fazendo da ca– pital um centro de cultura, onde a vida se passasse agradavelmente". E' o teste:rnunho de um escritor uruguaio. s r. Abel Pérez. Não fosse o 7 de Setembro, que lançou em luta as duas nações i"r:mãs e o enfraquecimento consequente do Império, com dissensõe.'> internas e uma politicalha desenfreada dos mai.s- destaoados patriota~. ainda hoje seria nossa a Cisplatina, como Estado próspero e rico, joia da Federação, ao par ~o Rio Grande do Sul, que, de direito, pela lei dos tratados, era tambem- espanhol. , Assim. o Brasil não pareceria um gigante mutilado, por– que seus pés. enfeitados de gemas, emergiriam das água.a barrentas do Prata. ACil,INO DE LEAO B!BLIOG!RAFIA - Rocha p,rnnbo, História do Brasil. - Regi– naldo Lloyd, O Brasil no Século XX. - Élisée Reclus, E!itados Unidos do Brasil, trad. de Ram/iz Galvão . - Tesouro da Juventude. •
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