Revista da Academia Paraense de Letras 1950

r 8 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS tugal Brasil e Algarves. o nosso país en1açado pelos dois braços d~ terra 'lusitana. Daí em diante, a antiga colónia passava a igual, pelo que essa data é a da verdadeira Independência do Brasil. o ato de rebeldia de D. Pedro, em 7 de Setem'bro de 1822. foi a separação de Portugial, quebrando os élos que prendiam os dois rei– nos irmãos. D. João VI, aliás, relutou em aceitar a separação, prevendo a nocividade, o prejuízo que advinha para as duas nações que igu~l– mente amava. Ainda nos começos de 1825, pugnava pela continuaçao do Reino Unido, propondo um acôrdo nas seguintes bases: 1. 0 - O Rei de Portugal acedia em conferir o título de Impe– rador a D. Pedro; 2. 0 - Sua Magestade o Rei de Portugal concordava em reconhe– cer e sancionar tudo quanto houvesse sido feito no Brasil desde a sua volta à Europa. Fazia porém essas concessões com as seguintes con- dições: ' ' , . 1. 0 - Estipulava que ele devia parttlhar com seu filho o título de Imperador, ficando D. Pedro exercendo '~ soberania no Brasil com o título adicional de Regente; 2. 0 - Que os futuros atos do Império Brasileiro tivessem de ser submetidos à sua sanção; 3. 0 - Que o exército e a diplomacia das duas Côrtes fossem pos– suidcs em comum pelas duas nações sendo as nomeações para os c!ll"~os, num e noutra, feitas indistintàmente para Portugueses e Bra- sileiros. . As p_aixões políticas mais do que o patriotismo, não permiti– rani o acordo e deu-se a separação. Sentindo que -0 Brasil enfraquecera os agitadores orientais uni– ram-se aos argeniinos para reiniciar a luta. D. Pedro premido pelos patriotas do Prata e os do Rio de Janeiro cometeu uma dupla capi– tulação: concedeu a independência do Uruguai e fez a Abdicação._ Se tivesse continuado o Reino Unido com a morte de D. Joao VI se_ria D. Pedro, a um passo, rei e imperàdor, senhor de um poderio formidavel, com dois exércitos e duas armadas. A so:na. das duas .esquadras ,que se degladiaram nas lutas da Independenc1a, dava: 28 navios 698 canhões 6.160 homens. Anco– rada essa frota no rio da Prata' nenhum vizinho ousaria disputar a nossa hegemonia. ' Sem a separação e suas nocivas consequências não teria havi– do, ~m. Portugal, 3l- p~aga do miguelismo e, no Brasil, o peijodo da Regencia, fase a_narqmca e de desagregação, que só não termmou em ~esastre peL.~ açao ~áscula do Padre Diogo António feijó . . _Da un~~o contmua~a. dos dois povos, resultaria o primado ~o Bra~il: famn.lla r eal brasileira. pais extenso e mais rico, na; ascençao g.a Juventude. Portugal lucraria, mas o Brasil ainda mais. Desde meus tempos de estudante de geografia que tinha a im– pressão de_ que havia, na América do Sul. dois países mutilados. Um, o Paraguai, amputado ao N,orte entre o Apa e o Aquidauana, de uma terra tão pouco matogrossense 'que os seus naturais desejant arde~– temente a separação como Estado de Maracajú ou mesmo de Terri– tório de Ponta Porá;' ao Sul a Gobernación de' Formosa da Argen– tina, entre o Pilcomaio e o Bermejo; a Leste a Gobernación de Mis– siones, também da Argentina, e que eram as antigas missões do Pa– raguai ao tempo dos Jesuítas. o outro país amputado é o Brasil na sua extremidade meri- dional. '

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