Revista da Academia Paraense de Letras 1950

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 7 Ucão estava realizada sem abalos. A alforria dos sexagenários e UJ11.ª lei c-::,mplementar de libertação proporcional (10% anualmente). con– duziam à liberdade completa em 1890, deixando o weto fixado à_ f~ zenda e ,ao trabalho livre pelo afeto entre pais e filhos. A abol1çao imediata como foi a 13 de Maio desorganizou a agricultura e levou à ruina àlgumas províncias, como o Maranhão. A lei áurea. pelo seu aparecimento brusco, foi nociva ao Bm.sil 1 que e~P?~receu; ao trono-, qne ajudou a derribar; ao branco, que cam na nnsena; ª<? preto, que se entregou à vadiação e ao álcool. A mentalidade do antigo escravo, a liberdade era conexa com a vadiagem: voltar ao trabalho, mesmo pago, era como retornar à escravidão. 15 DE NOVEMlBRO (de 1889): - a Federação . Não comemoro a proclamação da República embora o progresso real do Brasil apesar dela. A administração imperial foi sempre mais honesta que a republicana: em regra os homens públicos não enri– queciam pela dcla.pidação dos dinheiros do povo ou pela advocacia ad– ministrativa porque a justiça do imperante ia atingir o criminoso, alijando-o das posições. O que festejo em 15 de Novembro é o estabelecimento do regime federativo, dando autonomia mais ampla às províncias, livrando-as dos impecilhos da centralização e da morosidade da burocracia mo– nárquica, instalada na Côrte. De muito ,o sistema unitário vinha sendo combatido por impró– prio a um país de tão dilatados limites com distâncias enormes e di– fíceis transportes. Urgia a iiederação e' o Imipério podia e devia tê-la realõzado. · Seria uma modalidade original de govêrno. Vinte províncias au– tônomas, quais repúblicas, unidas pelo laço imperial. o sistema par– lamentarista, então vigente, daria ao Presidente do Conselho a fei– ção de Presidente da União, e assembléias e governadores das pro– víncias eleitos pelo povo. Regime parlamentar no Centro e presiden– cial nas unidades federadas. O impe:r,a.nte reinando sem governar. Os três fatores principais que derrubaram a monarquia foram: 1. º) A excessiva ~iberdade à propaganda republicana, permi– tindo-se que fosse reah:ziada nos quarteis e na Escola Militar; 2. º) A abolição imediata da escravatura levando a aristocracia rural à indifevença se não à hostilidade ao Império · 3. º) A centralização ad– ministrativa, oue não permitia o desenvolvi:Uento autônomo das pro– víncias, impoffii'õ-.lhes autoridades antipáticas e muitas vezes arbi– trárias. Sem esses três erros, a monarquia poderia ter perdurado na Amé– rica do Sul . 16 DE DEZE~RO (de 1815): - o Reino do Brasil verdadei- ra data da Independência nacional. ' Achava-se no zénite \t estrela de Napoleão. Mas a Inglaterra sempre teimosa, resistia. E D. João, Princípe Regente, entre as duas forças poderosas, preferiu atravessar o Atlântico e vir fundar aqui um grande Im.pério. Em 28 de Janeiro de 1808 abriu os portos do Brasil ao cmnércio da.s nações amigas, ato que segundo o sr. Gustavo Barroso, "punha fim ao regime colonial". ' Mas D. João foi ia.inda mais positivo em 16 de Dezembro de 1815 quando elevou o Brasil à categoria de reino - Reino Unido de Por;

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