Revista Bragantina - 1930 (n.3), 1931 (n.4-5), 1950 (n.6).

<.:-,. . :, .,,•PtJêma de Sebastião José da Silva I Por sqbre a mata noite vem chegando com ' se'u cortejo negro e temeroso. Seu Zé, caboclo alegre e sacudido, tem fosta em casa e está muito entretidó no arranjo do salão, todo vaidoso ! De quatro bicos, velho candieiro, dando luz ao salão, inda vasio, está pendente de uma grande viga de madeira de lei, pinho de Riga, mastro que foi de algum velho navio. Esta viga atravessa a sala tôda e dela se irradiam serpentinas, correntes de papel. E vê-se a um lado. de murtas e papoilas enfeitado, um altar pequenino, entre cortinas. ., n Pouco a pouco o salão ii,e, vai enchendo de moçoilas gentís da visinhança, armadas de um sorriso que provoca, rescendendo a mirí e piprióca, e prontas para o tango e a contra-dança. m Depois· de celebrada a ladainha por -um velho jucundo, o mais bondoso e o melhor resador da redondeza, seq, Zé, -que dança e tóca com presteza, vai à sala dançar, ledo e dengozo. "Não sejam moles - diz êle satisfeito aos colégas da bela companhia- ª noite 'inteira aqui será ele festa; havemós de acordar tôda a floresta, com o barulho infer:qal desta folia". E de fato, na 'Sala o movimento é grande, já demais; ninguém se entende um· fala, oittro discute, outros dançando, batendo os pés e o corpo requebrando, -cheio~ do fogo que o cauim acende. Assim vai pros~reguindo acalorada a fe~tança elo Zé, boêmio perfeito e o melhor dançador daquela zona, onde não há moçoila, ou sinhá-dona, que não tenha apertado contra o peito. CRÔNICA AZUL A festa do Centro Social Bragantino l Ir i ij Azul é o doce colorido dos sonhos ; os sonhos ·! -a gaze suave que ,::nvolve todos os corações . .. 1, - · Tudo azul! Eis tudo o que sintetiza a , 1 n,r·- pr imeira festa dançante programada como ofe- renda à sociedade caetéense pelo Centro Social Bragantino, a ·novel entidade da Perola do Sal- li gado. . !I · Azul estava o ceu e naquela noite encanta– dor a até a ,rósc-a felicidade, tornou-se azul. Entre o mormúrio queixoso da briza e as ju– ras do eterno enamorado de Bragança, - o rio Caeté, - dormia em um bêrço macio e penum– broso, o palacete rubro-·negro, estetica sede so– cial do Club dos 22, ,onde foi realizada essa soirée. (Continua na pagino 15) IV E quando no horizonte, em grandes rôlos de cspêssas nuvrns, vem chegando o dia comeca a retirada dos dançantes: As m~cas d.e mãos dadas com os amantes, co,mbiú'am se encontrar noutra folia. Todos, porém, não podem ir ainda. Nos tôscos bancos fica muita gente a cozinhar fe.rrível bebedieira do bom cauim, cansaço e da soneira, até tombar o sol para o, ocidente. Bragança - Dezembro de 1920. Procura manter sempre limpos os RUMOS da tua propriedade. Conversa sobre i sto com os teus visinhos, e juntos resolvom esse importanta assunto

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