Revista Bragantina - 1930 (n.3), 1931 (n.4-5), 1950 (n.6).

ROSARIO NETO Embora tenhamos muitas vezes que <>oncordar com Rousseau quando com rela– ção ao homem diz "c'est la societe qui le corrompt", não seria po:r isto que iriamos nos inclausurar na solidão das matas na "d ' suntuosi ade dos castelos, ou viver ·conver- sando com o mar, com os astros, se almejas– semos uma elaboração impecável da nossa personalidadre: distante de tôdas as .atribui– ções oferecidas ·na vida em sociedade. Es– taria o homem, para evitar os males só-ciais esquivando,-se de receber, no 1encadeamento da formação de seu caráter, a colaboracão - cuja dispensa seria inconcebível - dos dois _ fatores externos de importância funda- 11:-ental - a educação e o meio. Então, fu– gmdo a essa lei natural impulsionadora da nproximação humana. êsses dois fatores e·s– tariam relegados a 11ão participação da or– n:mizaçãO' psíquica do indivíduo, confor– m.and,o-se êst 1 e• com sua evolUçã.o ~ mercê, tão sómente, dos agêntes externrn, - tem– peramento e hereditariedad.e. Teríamos em cons1r:quência o homem grotesco e vítima do ceticismo, voltando as– sim ao primitivismn, fato incompatível ~om o progresso evolutivo do espírito _humano que cada vez mais·evidencia a im.portânci~, da interpsicologia. . · . 1 1 1! i 11 il 'j 1 1 1 1 1 REVISTA BRAGANTINA O homem primitivo não suportou êsse isolamento e foi pouco a pouco procurando o seu semelhante e com isso atravessou ·as diversas etap~s evolutivas da clã, da horda e da tribu até .galgar a disposição social dos nossos dias. Alegamos para tal ococrido não ·· .. só as contingências intelectuais mas pelà própria necessidade de sobreviver. Êsse in• divídu 0 foi sentindo e 1 ssa necessidade instirt- ·· tiva da associação, da ajuda e colaboração de outro ente para viver e progredir. E, •as– sim, teve essa evolução incondente, pois·diz Mark Graubardque "a evolução social é uma curiosa interação dos acontecimentos naturais e do espírito humano". Constitui, aliás, uma dádiva da nafnre– za, essa de trazer em si todo indivíduo a t.:;ndência dessa aproximação; · o ·que tem encontrado base na curiosidade e nas· exi- :, gências intelectuais e mais ainda outras de · ordem ecnnômica. Assim, essa carência, sem mesmo com o idealismo do homem, ,:,em oonduzindo-o ininterruptamente numa as– cendência para chegar ao estado de comple– tação mútua dos homens, gerando daí · a compreensão, exigida hoje mais do que mm-· ca, que resultará evidentemente do desen– volvimento dos meios de vida conseguidos pelo homem em sociedade. E as etapas es- . tão sendo bem vencidas pela humanidade conforme se observa pela História da Civi– lisação, Geografia Humana, Sociológia, An– tropologia, Etnologia e tantos outros cam– po," do saber onde se pode aVieriguar o fe– nômeno. Isolar-se da vida mundana por encon– trar neJa certos atropelos e imperfeicões seria d1edarar fracasso diante do próprioJen– genho como se o espírito _humano foses hn– potente para corrigir aquilo que êle mesmo produz. como seria olvidar o lema institui– do :i:mr Bacon "saber é poder". Prnva-se dia a dia qwe o homem iso– lado nada re;1resenta principalmente no mundo de hoje; a congregação de todos êles sim; somení·e. ela é capaz dos mafores das . ' ma?s extensas e expressivas empresas. Só o conjunto é forte. As part-es são Fmwe frágeis. Os esteios em dispersão ~unca poderão erguer uma casa. Para que eles apresentem sua utilidade, necessário se torna que estejam aproximados e ordena~ (Ccntinua na pagine 13) Procuro manter sempre cercado e dividido valoriza trozend~ e ~ de.za l BJBLJOI:t". , \J J • , a tua aa teu .r R propriedade. Ela honroso trabalho. se = ---- --·----- -- - ' _ -· · - ___ iD ds_Qt.tto, ___ .• '1

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