Revista Bragantina - 1930 (n.3), 1931 (n.4-5), 1950 (n.6).

Vista parcial da cidade de Bragança I""'~ r r r rv-v-'\ ~~~ «Não dêxa ninguem ti dá ras• têra no inleitorado e condo eu tivé murrido toma conta dos nos– sos inleitô; trata bém delles, apre– para nas vespras de inleiçào . os nossos batelão pra levá elles pra cidade. « Pois bem, meu filho; tú agora já tà grande. Tú e sinhô do teu nariz. Tú pode rli hoje em diante fumá na minha frente que eu nã.o ti ralho . Só tem , purern, uma coisa - Não bébe cachaça perto di mim si nfto eu te racho a cabeça cúm pau. Deus ti abençôc, meu filho». Palmas, vivas, bater de pés e de colheres nos pratos e terminoi1 assim , a «cêia de nlforria" do jo– vem «Jujucn». * * * lnicinrarn-se as dancas. As rebecas, violas· e cavaqui– nhos, deturparam os tanguinhos e sambas conhecidos. As pequenas bregeiras saraçoteavam nos bra– cos musculosos dos caboclos a guisa de «pulica an:ericana» . Alta madrugada, porem, a festa foi interrompida por uma grande assuada. Fomos ligeiro ver de perto o que tinha acontecido. · A custo conseguimos atrav6ssar a parede humana que rodeava dois contendores. Chegavamos já perto dos bri– gões, quando ouvimos a voz co– Jerica e imperiosa do major Inno– cencio bradando ao filho -o «Ju– juca" que fazia uma agua furibun– da sob os joelhos paternos: -((Olha, meu filho. E' pra sirvi de inzemplo pros outro: Não é teu pae; não é o chefe pulitico deste quarteirão e nem a ôtorida- Ironia do destino Em um dos mais aprazíveis recantos de Belem, morava Ruth , a mais linda e qurrida creaturinha que conheci. Despreoccupada, olhando a vida pelo prisma ridente da feliridadP, lendo a cereal-a os doces carinhos de seus paes e as attençõPs dos que a conhe– ciam, não pensava siquer nos decretos immutaveis do des– tino. Contava vinte e quatro annos e teve, até então, a ven– tura de ver sempre satisfeitos os seus minimos dcsPjos. Pretendentes á sua n1ão, desde que começou a desabro– char para a vida.,, não lhe fal– tarani, mas a todos recusava . Esperava que o Príncipe dos ~~ de puliciá que vae te dá Ul}S mur– ro-É o PÔDÊ JUDICIARIO ! ! ! E vibrou perto de uma duzia de vigorosos murros pela cara e corpo do 'alcoolizado «Jujuca»– "alforriado». ! E .... acabou-se a festa ! Dezembro, 929: BENCEPER. ·---~ contos, viesse despertal•a para o amor.. . Este não se fez es– perar. No dia em que, com uma fasta irnpí:mrnte, comnwmora– vam sua data natalicia, foi-lhe aprrsPI1ta'do um insigne poPta, jovem ainda, que alliava ao talento 'nrn physico encanta– dor. D,\'sde então sentiu-se fo– rida pela setla certeira d·o Deus Cupido... E amou com toda a vehemencia de um co · ração verdadeiramente apai– xonado, j ulgàndo ser egual– mente correspondida. Dois annos se passam e na• qurlle lar, out'rora rico e ven– turoso, reina agora a miseria e a dôr!. .. Um nt•gocio infeliz arruina– ra o sr. Âlves, pae de Ruth, e o mensageiro dos seus so– nhos de moça, quando a sou– be pobre, não mais a procu– rou. Cruel ironia da sovte ! No mesmo dia que, ha dois an– nos atrai feliz e venturosa, ou– via as juras ternas de um amor sem fim, foi nesse que deixou de existir, pobre e aban. clonada, Ruth a mais linda e querida creaturinha que co– nheci. FLOR DELIZ Bragança, 22/12/929

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