Revista Sociedade de Estudos Paraense Out a Dez de 1894

173 que apodreciam as palhoças cm que v1vmm. Tambem nun ca as concertavam, e nem es tas duravam mais de quatro annos. Ha quem diga que ell es faziam isto por supersti ção, sem cle– clarar todavia qua l fo s:;e es la. Ao contrario, acreditamos que a causa ela mudança fo sse naturalmente a convicção cm qne L'Sta– vam de fi carem es tragadas e es lereis as terra s quc ·n'esse periodo • occuparam, és tando cos tumados a planta i· ns suas roças perto de . casa; pelo que procuravam sempre novo solo, em condi ções fa– voraveis em qualquer outro lugar, que lhes fa cilitasse de mais a mais .o transporte e fabri cação elos procluctos, o que era müito rasoavel. Os aposentos emm promiscuas para homens e mulheres, e prestavam-se a todos os ser viço:;. Os moradores ahi preparavam á fogo nú as suas bebidas e r efe ições cm grandes caldeirões de argila e em grelhas ele vai·as verdes qu e chamavam nwquem . A a li-. mentação era farta e variada. Con~istia cm caças, peixes, mariscos, batatas e cereacs na turaes do solo. Abundavam nos bosques as antas, os porcos, os veados, as capyuaras, as pacas e tantos outros an imaes conh ecidos, além de innumeras aves e r eptis que hab ita– vam nas praias, nas campinas , nos lagos e nas malas. Como instrtimentos de caça tinham as frechas, os laços e as armadilhas . D'es t.a s ainda hoj e usa a ge n_te do interi or do Pará. Algumas conhecemos nós, como srjam o munJé e a w·ap ft ca. São preparadas para matar ou prender locla a sorte de animacs e a ves. Formavarn-n 'as de paus fortes e pesados ou de tenues varinhas françadas em cipós, conforme a preza que pretendiam aga rrar; e preparadas com pinguélos apropriados, cleixavam-n'as encobertas nos lugares escolhidos de proposito para tal fim. Usavam ainda da zarabatana,, que era um canudo ou t.ubo ele pau com doi s a tres metros el e comprimento sobre uma pollegada de largura, no qual introduziam frechas pequenas de talas, aguça– das e herva1ias, com algodão enroscado.n'urna das extrenndades ele modo que ficasse comprimido o ar; e soprando -as dep ois com força, arr emessavam-n 'as longe e feri am a preza y_ue miravam. A pesca ell es a faz iam lambem por varios modos engenhosJs. Os chron istas nos fali am somente ela fr echa, da li nha com anzol, elo sinapú e conani, plantas estas venenosas cujas raizes e cipós, pisados e lançados nos rios ou nc s igarapés, en_torpeciam os pei– xes e os traziam átona d'agua, omle se deixavam faci lmente pegar. Usam-n'as ainda entre nós com o nome generico ele ti111ib6. Os chro– nistas não fazem menção do ma.tap i, do cacu.r·i, da gapoia, do pari e de outros artifi cias, ri.e qu e lambem os nossos pescadores presen-

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