Revista Sociedade de Estudos Paraense Out a Dez de 1894

,, 163 se em campo de prata um sol retrogrado, correndo do poente para o n as cente, e a inscripção-Recf-io1· cmn ·1·efrog1·acliis, e logo outra– N eqiianquwn min-inza est-, com um boi e uma mula por baixo, olhando para o mesmo sol. (1) A 11atureza, com ser tão procliga ao Pará corno foi, não podia por s i só liberalisar-lh e o alimen to vital de que carecia. Precisava de mrtos bemfasejas que lh e cuidassem das mantilhas e da creação, apressando o seu desenvol vimento nos multiplos e varios ramos de commer cio, de industri a, de artes e sciencias. E é doloroso dizer: - não havia muito que esperar dos con– qu is tadores; pelo c·ontra ri o, ttido fa zia crer que seria retardada por la rgos annos a prosperidade ela nascente colonia, vi sto o atras o em que se achavam as povoações creadas ao sul do Brazil. Os homens, á quem estavam confiados os seus des tinos, eram da mesma naci o– nalidade e tinham idenli cas inelinações. Devi am, pois, seguir os exemplos elos . seus compa tri otas,- escravisanclo os incligenas á pretex to de r esgates,-obrigando-os á trabalhos pezaclos e contra– rios aos seus habilos, -impelliml o-os ás brenhas <los se rtões com o abandon o saudoso dos se us pcna.tes, corn o peito traspassado ele aYersões e rancores. - Nem nos tempos dos N"er os e Dioclecianos, diz um illu stre • portuguez, se execulnram tantas injustiças, crueld ades e tyranni as, como executou a cobi ça e impiedade dos chamados conquistado– r es, nos ·bens, .no suor, no sangue, na liberdade, nas mulheres, nos filhos, nas vidas, e sobretudo nas almas dos mise raveis inclios. As guerras ell cs as faz iam ge ralmente sem causa justa, sem poder nem a.uctodclade, antes contra leis e 11rohibições expressac::, matando, ' r oul ando, captivanclo, afastando os pais dos filhos, os maridos das mulh eres, qu eimando aldeias , prati cando cxecraveis trai ções . (2) -Quanto aos indios intitulados livtes, quando empregados em trabalhos particul ar es, mandavam-n 'os servir viol entamente á pes– soas desconhecidas, sendo forçados a deixa r as famili as no desam– pa ro, na .fome e na miseri a. O comer era quas i nenhum, a paga tão limitada que não satisfazia á menor parte do tempo, nem do trabalho ... (3) . E' possivel que estejam sombreadas as côres deste quadro, não o duvidamos ; mas no fundo transluz a r ealidade dos factos, taes e quaes se deram, conforme a opinião dos coevos que os r eferem (1 ) Jo!J de Moraes-Hút. ria Comp. r!e J esus-Liv. III, cap. II. (2) Padre Antonio V ieira-Rl'sjosta nos C:ipitulos do Procurador do Mar~nhão. (3 ) Idem. .

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