Revista Sociedade de Estudos Paraense Out a Dez de 1894
I 162 sentassem. Com es tes soccorros, por certo bem lembrados, anima– ram-se os trabalhos ini ciados no Pará. (1) Çastello Branco delineou então a cidade que tinha cm ment e, e principiou por aldear a gente ela expe<li ção e os naturaes á mar– gem ela bahia do Guajará em ruas parall clas e cortadas urnas µor outras, formando quarteirões mai s ou menos regulares de trinta a s~:ssenta braças cada um, conforme a na lmeza des igual do terreno, e deixando aqui e ali certos espaços para praças e servidões publicas . · Repartidos os lotes, deu-se começo á c~difkação. Os mora– dores estavam baldos <l e recursos, e nem os havia na colonia. Pe– dreiros, carpinteiros, instrumentos e mat eriacs nccessarios á cons– trucção df• predios, não existiam ou eram tflo raros qu e não snp– priam as faltas urgentes da occasião. Não porliam por esta razão dispensar em suas obras os meios empreg-arlos pelos natmaes, fa– zendo as casas de madeiras toscas e cotrindo-as de palhas entr:m– çaclas qe pindoba e outras palmeiras. Serviam estas lambem para cercar e dividir os aposentos. Na falta de operarias idoneos e de aprestas inclispensaveis ás ob1•as , não havia, nem podia haver outro meio de edificação. Os cipós das maUas naturalmente substituiram os pregos, os paus de forquilhas sus tentaram as curnieiras , as vigas e os frechaes das casas. Poucos deram-se ao trabalho de levantar paredes ele taipa ou argamassa de barro. Os ladrilhos eram de terra molhada, sobrepost'1 e batida no chão. De talas de j npaty e de outra s pai- · meiras teciam as portas e janellas, servindo de fechaduras simples amarrilhos de cipós ou cordas fe itas de einbira. Em condi ções identi ca.? ainda hoj e existem e faz em casas no interior do Estado. Tal foi o humilde berço da cidade de Belém, ha quas i trezen– tos annos levantado 1~as matlas virgens do noYo continente. Os in– dígenas por muito tempo chamaram-n 'a 1Wairy, que signifi ca cidade na lingua tupi. ,Está assentada em 1 ° 27' 2" de latitude Sul, e 5° 2or 15" ele longitude Oes te do Rio de Jan eiro. Deram-lhe por brazão d'armas-um grande escudo esquarte– lado, de uma parte do qu!ll vê-s~ em campo azul um castello de prata e nelle um escudo de omo com as quinas de Portugal pen– dentes de um colar de pedraria. Em cima do castello de ambos os lados sabem dois braços,-um offerecendo um ces tD de flores com a inscripção por baixo- Vereat mtm·num,-outro offerccendo um cesto de fructas com a inscripção-Tut-i-us latent. D~ outro làdo vê- ( 1) Berredo-An. Hist.-11s. 4 0 2 a 418. •
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