Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação

do Mestre Com palpitan te trabalho que recom– põe a verdade histórica do., fatos desen – rorados de dezembro de 1615 a janeiro de 1616 n a famosa viagem do capitão-mor Fr-ancisco Caldeira de Castelo Branco resultantes na fundação de Santa Maria àe Belém, o Dr . Paulo Matanhão Filho dá à "Pagina" o brilho e a capacidade técnica de sua preciosa colaboração. E ' êle o historiador que forma sem favor algum na fileira de vanguardadas que se dedicam às pesqu 1 isas e estudos dos fas– tos do passado e sua profunda honesti dade nos temas apresentados com ele- men t as incontestáveis está aliada a finu– ra com que apresenta em notável exposi– ção seqüência dos sucessos dessa famosa jornad.::i, de descobr imento a rrancados a br uma do tempo e trazidos para as nos– sas páginas n essa p.alpitante colabora– ção, destinada a elucidar de uma vez por tôdas, matéria antes t ão controver tida . Uma Confidência histórica de Ga– pistrano . "Não inventei: Apenas repeti o que os mestres ilustJres me enslina– ram ... " (Sotero dos Reis ) . X XX DR. PAULO MARANHÃO FILHO Bernardo Pereira de Berredo fixou os primórdios da nossa entrada na his– t ória a 3 de dezembro de 1615, dia dedi– cado à fe stividade de S. Francisco X a · vier, apóstolo da Indi.a Oriental. Anote-se: Nessa época o missionário de viu. tu– de heróica ainda não figurava no cânon dos santos. O anacronismo deturpa a verdade . ' Berredo .ao elaborar os "Anais Históricos do E . do Maranhão", de reg,resso à gleba natal, não se abalançou à empresa de examinar os arquivos da península ibé– rica, (a exemplo do que füzera no Brasil) onde poderia ter deletreado preciosos do– cumentos de valor intrínseco . Para per manecer ma is indelével o seu nome no mundo mental, deu-lhe para encher os seus ócios procurar nas páginas dos clás– sicos, cuidadosamente, os modêlos de es– tilo de eloqüência acadêmica . Não se sujeitava aos acasos da 'improvisação . o futuro Tácito entendia á ter o conhe– cimento perfeito do assunto. Os papéis que deixou de consultar foram divulgados quasi decorridos 1300 anos após. Berr-edo não se cingia estrei– tamente aos fatos. com absoluto rigor . "Enganoso e fo.laz pela afetação", assevera Va:rnhagen, na sua "Hlistória Geral do Bra sil". João Francisco Lisboa em lúcidos re– p~.ros patenteia que êle "desfigurava a história pelo seu pedantismo e .afetação" (Jornal do Timon ) . O Barão do Rio Branco mostra Ber• reda, no escrúpulo e consciência, desti– tuído da singular autoridade que lhe fôra atribuid.a. pelos franceses . o professor José Ribeiro do Amaral, do Instituto Histórico e Geográfico Bra– sileiro, exibe a manchei-as os erros gra– ves as cincadas inqualificáveis perpe– t!adas pelo Governador e Gap. - Gene– ral do E . do Maranhão 0718 - 1722). Pelo contrário, diz o escritor mara– nhense, a sua ignorância, negligência e desconhecimento do estado que acabava de gov,ernar é tal que causa pasmo té o presente. O comendador Gandido Costa, escri– tor espirito-santense, insurgiu-se con– tra aquêles que com documentos em mãos de inegável valor provaram que os 'informes colhidos pelo h istoriador luso vêzes sem conta divorciavam-se da ver– dade . Em 1918, João Capistrano de Abreu, nos seus prolegômenos à História do Brasil de Frei Vicente do Salvador, provou à sociedade que a viagm de Fran– cisco Caldeira de Castelo Branco, ele s . Luis à baía de Guajará durou apenas dezoito di-as, consoante testefica a carta datada de 4 de setembro de 1616, envi.ada de Lisboa pelo arcebispo vice-rei de Por– tugal ao governador do Brasil D. Luís de Souza . Em março de 1919, estampava Teo– doro Braga, na "Fôlha do Norte", um estudo sôbre a data certa da fundação de Belém, declarando que acontecera a 12 de janeiro de 1616 . Em "Noções de Corografia do Estado do Pará" (1919) reafirma a sua con-

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