Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação
46- PAGINA vimento e sentem-se muito superiores so– bretudo no que lhes devia significar .seu próprio passado . Daí sua assustadora parciaEi.dade em olhar com altivez pre– tenciosamente os africanos. Quando os europeus descobrira..'ll a América precisaram de escravos. Homims afiicanos eram importados "às cente– nas", como cargas. O comércio, poráw n ão era um negócio de fácil responsabi– lidade e assim êles fizeram do africano um meio animal, u'a mercadoria e in– ven tar am para êle a palavra "negro" que se tornou u'a marca de fábrica . Para cada europeu os habitantes da Afr.Íca são "negros". Mas cada pessoa de tez prêta até pardo 11ão importa de que parte do mun– ;do .se origina, para êles é "neg1o". A maior percentagem da humanidade eu· ropéia ainda hoje <Se serve desta denomi– n ação . Por que? Quando pisamos solo europeu chegamos a saber que somos "n egros" . O_; indígenas da Europa são decigna– dos europeus, aquêles da Africa da Asia ª' :áticos, da Austrá lia austrálianos da Am~rica, americanos _:__ mas aquêle~ da Afnca repentinamente e com tôda a fôrça - "negr o;" ! No batismo recebe– mos primeiro os nomes europeus . Os mi,ssionárioJ j ustificam-no com isso que os nomes africanos são "pagãos" e por conse~uinte n ão tolerados por Deus . T ambem o conceito "fetiches" (de feli.– t'ceiro) - foi feito símbolo do sen ti– mento r eligioso africano . Do r esto, acre– dita o europeu conhece o mundo das idéias, -a forma do espírito do a fric ano que segundo êle só estaria impregnado de supersúição, mêdo dos espíritos e idéias de feitiçar·as . In t eligência é-nos, n egada. :t!:les es– cr evem n os seus livros sôbre a Africa e irradiam na:, suas reportagens r adiofô– nicas que sómen te poucos podem ser contados entre os inteligentes . "Mas é a tragédia do negro que êle toma as coisas e idéias dds europeus sem compreender seus assuntos". Em virtude de memórias fenomen ais, êles aprendem de cór livros didá ticos ! Mas êles ainda n iio t "m capacidade de tlrar conseqüên– c:-:i.s, de abstr,air, de desenvolver sozinhos os pensament os! O autor das lin h as a cima m enciona – das é um "pesquisador da Africa", que num velho J eep com apar êlho fotográ- fico dentro de dois anos passou por tôda a Afric-a de Norte a Sul e levou -a certeza à Europa de ter totalmente descoberto, pesquisado, e registrado o nosso con– tinente! Um outro "pesquisadOT da Africa numa motocicleta aom side-car e u'a má– quina de escrever atravessou a Africa. Êle "pesquisou" que, qu-ando com os ne– gros u'a moça se casa, a noiva é com– prada ao seu pai, ou caso êste não mais viver ao seu irmão ou tio . ~ como o pai da noiva e o noivo tudo fazem, nas negoci-ações de meses, de enganar um a.o outro, a fraude da compra da noiva ocu– pa os tribunais indígenas (um europeu como juiz com um intérprete ) . Além disso, êle pe:;quisou que nós sempre pro– curamos auxílio num fetiche, quando t ernos dor de dentes ou cólicas gástrtlcas quando d esej amos chuva ou um bom en– tendimento com a sogra, em suma, em t6:ia1s as n ecessidades diárias. ":t!:stes" pesquisadores da Africa "des– locar am-se todos pa ra a Africa sem aualq uer conheciment o de uma língua a frie- :i.na , porém com a suposição defei– tuosa e d esamorosa : ."Vamo-nos ter com os '!Zulukaffern", com os "canibais" com os "fet ichist as", em suma , com os "negros" dos qua is alguns manifest aram sua confiança comovedora a um general eur opeu con tra um outro heroi de guer– ra europeu" . Do resto, na opinião dêles, tudo é ainda pelo meio e dividiçio nos "negros", que estuda ram em Montpellier ou em Paris n a Sor bonne; pois êlen são ain da um pedaço da ·região bravia, por– que lamber am só pela metade -a civili– zação européia , civilização esta que con– sist e segundo êsses jovens "pesquisado– res da Africa", do século XX de: traje a rigor europeu, máquina fotográfica , re– lógio de pulso suíço e "grava t.a boc– boleta" . Assim, os europeus desconhecem o mais profundo dos planaltos bravios do leste-sul e norte do nosso continente. :í!:les desconhecem as r egiões africanas da paz e do prazer no belo nos quais r eina uma sensação no sentido da flora. E êle, t-1mbém não podem p esquizar que o espir ito que tira d a vida vege tal atr avessa os homens que aqui moram para se dissolver em místJica . 1!:le vive t anto nas fábulas e contos como em noosas sagas, lendas e mitos . Nas secções "Afr ica" dos gra n des mu-
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