Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação
44 PAGINA da primeira refeição dedicado aos mor– tos e santos simbólicos . Participavam do lançamento dó -Oráculo e do sen– timento de júbilo da primeira mgestão da colheita e ouvialil no final o som de retumba ntes Elimbi (instrumento musi– eal primitivo de algumas tribos africa– nas) e tambores. Mulheres trançavam tiras de lon– gas fôlhas de palmeiras oleaginosas, ma.s leves, chapas, semelhantes às peças mu dáveis dos bastidores teatrais europeus e as quais arrumadais com arte e cari– nhô eram usadas na construção dos do– micílios, como paredes das ca.banas . Outros trançavam com as mãos, não me– nos hábeis grandes vasós redondos de barro úmido e vermelho amarelo nos quais gravaram enfeites artísticos . :tl:stes vasos eram endurecidos pelo calor do sol e serviam ao uso doméstico . Os magníficos e extensos trechos de bananeiras e coqueiros, ladeando as cho– ças e as bem tratadai.s plantações de ·Kola" (gênero de malváceas de Africa, cujos frutos ou nozes se usam como exci– tantes do coração e do sistema. muscu– lar ), que melhor progridem à sombra das bananeiras, tudo isso como testemunho d e uma grande atividade. Nos clãs, os mais velhos da família administravam tôdas as reservas distri– buiam cereais e mingáus e as roupas fes– t ivas . :tl:les davam as disposições para as cerimônias da nomenclatura, da ma– turidade, do casamento e do entêrro . Quando morria um dos mais velhos que sómente a muito custo ainda podia arrastar-se pela vida, havia júbilo. O cadáver era cuidadosamente colo– cado numa caverna escarpada e entre– gue à deterioração. No momento opor– tuno pelos velhos do clã era o crânio re– tirado da caverna mortuária e colocado em um quartinho com outros crânios dos ~t ecidos velhos. M na crença do clã, êle participava simbólicamente da ativi– dade dêles e da atividade da tribo. :tl:le tomava parte em todos os a~ontecimen– tos da vida na fazenda do ela . Quando um :l'ilho quc;l"1a casar um ancião do clã levava a no1v,a perante a assembléia dos mai,s, velhos crânios do clã, o restante terreno passado da vida do clã. Mudos estavam os pa_rtic!pantes em frente dêles e mudo o mais velho do clã colocava gr ãos abençoados em cima do crânio do falecido mais velho do clã do noivo . :B:le pedia à noiva que comesse alguns grãos de cereal sagrado, coloca– dos em cima da cabeça dos ancestrais. A noiva tomava com seus lábios os grãos sagrados de o1ma do crânio, engolia-os - e o casamento estava realizado . Co– meçava, então, o júbilo tão próprio ao africano. Os festejos duravam dias a fio . Mais tarde, estava o ventre da jo– vem senhora abençoado, então , ninguém falava disso. Sómente os velhos costu– mavam d iscutir qua l semelhança have– ria provàvelmente entre a vida a brotar e a lembrança da vida apagada. E nesse costume êles incorporavam a eterna ver– dade tão pur-a e tão claramente como só possivel em pensamento. Falecia um jovem duma familia que não tinha filhos e em tôdas as colônias adjacentes não havia fim aos lamentos e aos clamores. :tl:le não tinha deixado ninguém para gerar nova vida . :tl:le era como a folhagem sêca ou como o fruto •imaduro que cáe para a te11ra e apodre– ce, nunca mais cria raízes, não tem fô– lhas e nunca mais carrega frutos! Por isso há luto quando um homem jovem é levado à sepultura, enquanto êles jubilam quando morre um ancião que deixou descendentes, os quais de novo podem gerar vida nova . :tste estilo de vida é marcado com falta de loquaci– dade e com silêncio. o culto aos ances– trais é mudo, porém cheio de meditações profundas. Querer descrevê-lo ou tradu– zir muna língua seria um esfôrço inút il Quando os europeus dizem : "Os negros acreditam num.a vida depois da morte!" "Ou êles estão convenc<idos da migração ou transmigração das almas!" ou na opinião dos negros voltam as almas dos defuntos nos seus filhos!" Então, é tudo lsso tolice . É tolice, porque a mentalida– de dirigida pela teoria do conhecimento e do intelecto procura esclarecer sómente com suposições grosseiras, realísticas como "alma", "morte", "corpo" ·aquilo que na verdade é mais do que explicável, porque é fôrça do sentido, uma disposi– ção int!ma. Sómente pode a compreen– são do sentido dos costumes aqun para ajudar a compreender e não vocábulos. Os europeus querem, sem considera– ração, fazer a Africa européia. :tl:les querem "civilizar" a Africa. As terras que alimentam o nativo e formam o fun– damento de sua cultura são e serão por isso sempre feitas tributárias mesmo
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