Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação

36 PAGINA - Será que êle desesta a ~cola ou o trabalho escolar? - indaguei. - Não - respondeu a m.a.mãe aflita. í;le gosta de ir à escola, aplica-se em seus deveres, estuda as lições, e é jus– tamente isso que prova que o seu caso é 5 rave . Se se tratasse sómente de desin– tr.rêsse de criança, eu pensaria que tudo w::ertaria com a idade. Mas, ao contrário, se êle nada consegue, apesar de seus es– forços, é porque sua incapacidade tem causas profundas. - Será que êle antipatiza com o profess"r? - Não; ao contrário . É uma pro– f essôra, e êle gosta muito dela, apesar de n ão ter tempo para se ocupar pessoal– mente de cada aluno, pais são muitos. - E que você quer dizer com a frase que êle não consegue nada? · - É simples. tle, que t inha come– çado a aprender a ler comigo, ou melhor, a distinguir palavras simples, não fêz um único progresso na leitura . Deixei de cuidar disso, porque a professôra me pediu . Teme que os métodos usados pe– los pais e os seus, misturados, possam pert urb:.r a compreensão das cria nças. Mas eu vejo bem que êle está sempre na mesma, não progride . E o pobre garôto vive a lamentar-se! Queria tanto ter boas netas! - Tenho curiosidade de vê-lo . Será que vocês poderão lanchar comigo amanhã, Lançam-Os e fomos passear 1_1um parque . Fiquei observando o meruno. Chamava a sua a tenção para o canto dos passarinhos, para o ruíd~ de uma em– barcação que passava no no, .a.o longe . .. E eu articulava , bem baixinho, as pala– vras Pedrinho me escutava e respondia rápida e alegrement e. Mas 'foi diferen te quando "experi– ,,,., ~ntei" sua vista. . tle tem grandes olhos cinzen t os, muit o meigos : quando eu lhe mostniava algo que não estava muito próximo, e que n ão era fá cil de di!s~– gulr, como, por exemplo, um cachorn· nho que corria, ao longe, pela grama um out ro menino que brincava entre a s pe::soas mais velhas que passeavam , re– parei que êle arregalava os olhos com esfôrço . E dizia: "Não estou vendo''. . Para admirar uma pequena flor, que t 1 nha distinguido sàzinho, tev~ um mo:7i– mento car acterístico: ao inves de se m - .clinar levemente em sua direção, fentou– se no chão para vê-la de mais perto. Pensei então, sem ter a pretell6ão de ser oculista: êle é míope! Tal era a origem de suas dificuldades escolares! Falei com sua mãe, aconselhando que o levasse a um especialista, para ser examinado . E ela respondeu: - Pedrinho, míope? Não temos nin– guém assim na família. Quem sabe, pensei, se esta bonita senhora não quer usar lentes que en– feiam? Quem sabe se não quer que o seu filho use óculos? Eu já tinha observado que ela enxergava mal de longe ... Mas, como se tratava de uma boa mãe acabou levando o ililho a um a'.":pe– cialista . O menino tinha, de fato per– turbações da vista facilmente sanávei'S. Isto bastava para explicar que, vendo mal os textos impress-os, e pior ainda o qu.a.dro-negro, o menino tinha dificulda– des prura rn familiarizar com a leitura . Agora está usando óculos, provisõ– rLamente . E está bastante evoluído no be-a-bál" REVOLVENDO MEU ARQUIVO Em 1937, conhecemos a Psicologia Pedagógica de Jules de la Vaissiêre, S. J., professor do Seminário de Jessey (Ingla– terra), traduzida por A . F . da Asso– ciação dos Professores Católicos do Rio Grande do Sul . O título da edição origi– nal em Língua France~a é "Psychologie Pédagogique" . Os direitos exclusivos de tradução para o Brasil e Portugal e pro– priedade literária de Barcellos, Bertruso & Cia.. Pôrto Alegre. Rio Grande do Sul. A obra citada é dedicada aos educa– dores, pais ou mestres, focalizando as questões referentes à educação pela ex– periência positiva, para que se exerça a fiscaMzação das aptidões do aluno nas diferentes idades, o ·rendimento dos pro– cessos de instrução e os diversos pontos ou aspectos d,a pedagogia prática. e ain– da os r esultados relativos ao dE!Senvol– vimento da criança e do jovem a fim de preparar-se o "edifício pedagógico". O grande educador cita o "D!i.cioná– rio Littré que apre~enta a m.a.is inci6iva definição de educação, ist o é, "e diucação é a ação de forma r uma criança" . Aliás, est a ação formadora deve obedecer à sentença que corre através dos tempos:

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