Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação

PAGINA 35 de Édipo é a pedra angular de onde F'reud erigiu sua famosa teoria do sexo .. É de suma importância, pois - segundo pensa - V'lve em todos os indivíduos até cert,a idade, porém uma vez rep,rimido, recalcado, torna-se patológico criando conflltos os ma:ls divel'.:.OS, motivando até suicídios e homicídios. O menino plasma sua personalidade, primitivamente, pela ,mago dos pais. 1/J.;;tes lhe servem de mo– dêlo nas mínimas atitudes. Há, então, na sua alma, grande confusão: de um lado está ligado sexualmente ao genitor do sexo oposto, por outro, identifica-se com o genitor do mesmo sexo. Assim, o seu interêsse sexual se manifesta de ma– neira ambivalente. E os pais não lhe prest,3.m atenção, desconhecendo a sua identificação . E vêm as brincadeiras tão comuns nas crianç,as, onde se desempe– nham papéis de pai, mãe, filho e irmão. São as conhecidas brincadeiras: - "Va– mos brincar de caisa" ! - Faz de conta que eu sou o pai! diz o guri . Vi uma dessas diversões certa vez, e surpreendi-me quando, em dado mo– mento, um dos meninos propôs à garota : - Vamos fazer como papai e mamã e? E tentava realizar com ela o áto sexual . Os psic,analistas da escola francesa chamam a isso aimance - a faculdade de a criança absorver o mundo extekior, o meio ambiente, a fim de incorporá-lo a sua própria substância afetiva . Para nós, ligados a escola de Freud, denomi– n amos identificação. Os adultos, de modo geral, exercem influência decisiva na formação da per– sonali<l:idc infantil; e a identificação com estranhos ocorre quando, por ffü:ça de circuns tâncias, os pais deixam de ser o seu ideal. Há, então, a substituição de imagos. Conta-me um neurótico que, em criança, sentia profunda admiração pelo pai . Decepcionando-se, porém de– vido suas atitudes despóticas e parado– xais, transferiu o sentimento afetivo para uma vizinha (veja-se o conflito in– fantil: a imago foi substituída por uma mulher). A tal ponto essa nova admita– ção chegou, que êle dizia na sua inocên– cia : - Eu gogto mais da dona Fulana do que de Deus. Mas a decepção não pa.róu aí. Referida mulher era má, perversa, ruim para os próprios filhos . Dessa troca de imagos, nasceu-lhe o desgooto pela natureza humana . A ambivalêncl.a. esta– beleceu-se em sua alma doi'lnada pelos conflitos . Os idolos desmoronadoo. O super-ego mal formado . Hoje desconfia de tudo e de todos. - Tenho medo de gostar, disse-me. Como é delicada a alma da criança! Quanto mal lhe fazem 0 3 adultos quando não correspondem as suas afeições! O drama familiar é decisivo na forma– ção da personalidade do homem. Gera inúmeros desajustes, constituindo graves ame-aças à ordem social. Neuróticos, ~– timas dêS>Se drama, sofrem e fa.zeni tam– bém sofrer os que com êles privrun. Ter– minam infalivelmente cansados de si mesmos e esgotando a tolerância dos de– mais. Uma esperança lhes resta ainda: o divam do psicanalista. Já é um consôlo.. REFER1!JNCIAS 1 - Artur Ramos - "A Criança Pro– blema", 1949, 2. 0 ed. , Liv . Casa do Estudante do Brasil, Rio. 2 - J . G . Flügel - "Psicoanálisis de la Familia", trad., 1952, Ed . Paidós, Buenos Aires. (Do Hvro: "Problemas de Psicanálise"). DR. VALMIR A. DA SILVA PEDRINHO NÃO APRENDIA ALER LUCY SERRANO VEREZA "A jovem mamãe estava preocupa.da , quando a encontrei, com um ar bastante :,as. 1 oso. E quando lhe perguntei como estava passando a família, composta por ma r ido e um garôto d:e seis anos, ela respondeu que a criança estava causan– do-lhe inquietações. Pensando que se tratasse de alguma doença, interessei.– me oelo assunto. -:__ Pedrinho vai indo mal na escola.. E eu queria tanto que êle fôsse um aluno brilhante, que estudasse! - disse-me . Eu estava surpreendida, pois Pedri– nho tinha-me parecido um menino inte– ligente e dócil. Seria possivel que fôsse refratário ao estudo?

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