Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação
34 PAGINA pon tos de vista, mimando-o demasiado, a fim de não o contrariar. SentJindo-se importante, começa a tornar-se despó– t ico e egoist a. Enfim: domina os adultos. Isso vai exercer profunda influência - quando não combatida a tempo - na vida f utura, podendo até causar proble– mas sociais. O filho mais velho, igual– m en te, também sofre int ensos conflitos emocionaiE . No dizer de Adler é uma es– pécie de rei destronado: perdeu o seu luga r e quer a todo custo reconquistá-lo. Talvez ainda mais perigoso que o outro, pois não se conforma com a presença do irmão mais nôvo, usurpador da sua po– siçã o privilegiada . Esta situação deve ser encarada com o máximo cuidado pe– los pa'is, por se dar, precisamente nessa época, a formação de terrível sentimen– t o que os psicanalistas ortodoxos cha– m~m complexo de Caim, - muitas vêzes n ão demonstrado, permanecendo latente a vida inteira, porém prseente em todos os momentos . Há irmãos que conservam amargos sentimentos contra os mais no– vos, jamais conseguindo libertar-se dêsse ranço inttranqüilizante. Tornam-se inve– josos e maus . Se'i de um menino criado sem irmão a té os seis anos. Um belo dia a mãe engravida e dá a luz a outro filho. Pois bem, a presença dêsse filho f~i .º cien te para desmoronar-lhe a felici– dade. Naturalmente os pai.!S, por brinca– deira, provocavam-lhe ciúmes, contra– riando-o f azendo-o chorar, sem saberem o perigo 'que adV'iria. Result ado: foi n~– cessário vigiá-lo constantement e, p01s êle ia escon dido ao berço do irmãozinho para matá -lo, sendo surpreendido vá rias vêzes estrangulando-o . Outra moç.a me confessou que odiava a irmã ma is nova. - Ela é má pa ra você? indaguei-lhe. - Ao con trário . Até que é boa de- mais e me estima muito . Mas eu a odeio porque eu er a preferida do papai e quan– do nasceu, fui miseràvelmen te abando– nada. - Isso não é motivo para você que– rê-la tão mal. Ela não teve culpa ! ponderei. - Como é que eu posso gostar de quem me roubou o meu pai e me fêz sofrer ? Compreendi en tão, pelas suas pala– vras, o seu terríevl sofrimen to . Essa ,moça estava indissoluvelmente presa _ao pai, ligada por intenso complexo de Édipo. Enamorara-se dêle e se senfüu in jus– tiçada ao ser preterida pela irmã mais moça. ~sses dramas familiares são co– muns em lares onde não h á orientação p.;1cológica. Adler diz que o filho mais velho, nessas condições, esta fadado a fracassar na vida, torna ndo-se deprimi– do e mal humorado. Por outro lado, o irmão mais moço fica em des!igualdade, sentindo-se fraco, vendo sem!}'.Xre diant e de si a sombra do mais velho, a desafiá -lo, a mostra r-se forte, impondo a sua au– t oridade. Todos conhecem a expressão: meni– no criado com avó! A influência exer– cid,:i pelos avós na educação da criança é bastante sabida. Tôda avó (ou avô ) t em os seus netinhos predi1etos, a quS{ll fazem as vontades mais extravaganteà em detrimento dos direitos dos demais netos. Isso cria, em geral, sérios confli– tos em casa , contrariando os pais, visto não aceitarem êstes tais desigualdades. "O conflito compl.'lca-se - diz Artur Ra– mos - porque o romance neurótico da ~núli!I- se amplia. As personagens não sao somente pai, filhos e irmã as, mas agora .avós, pais, filhos e !rmãos. Rea– ções e ciúmes dos pais. Rivalida,dias de irmãos . Pais contra avós filho contra pais, irmãos contra 'irmãos~' (1). Parece que os avós agem assim levados por sen– ~unentos nostálgicos, que René Allendy ~ulga ~er um.a regresi,ão psíquica às fases mfantrs . Agindo assim os avós sentem– se t aml?ém crianças, r~vivendo del;I.Sarte ~.eus primeiros tempos . de vida, para lançaram-se contra um dos pais". . C?m relação à identificação com os pai~, e _ outro problema im,portante na forma çao men tal das crian ças. o com– p~exo d_e Édipo já é sobejamente conhe– c1;_do, nao havendo necessidade de expli– ca -lo aqui. A fixação dêsse complexo exerce -ação poderosa na vi<la de qual– quer _indivíduo e decide ,inclusive, a sua funçao sexual . Isso deixa indelével cica – triz, gerando mumeros diist úrbios da libido, pelo hor ror inconsciente ao inces– to . Flugel estudo-o detalhadamente em "Psicanálise da Família, dizendo : "O as– pecto do ódio do complexo de Édipo pa– rec~ria origina r-se norma lmente, em pri– meiro lugar, como conseqüênc'ia do as– pect o amoroso: o afeto que o menino sente pelo gen it or do sexo oposto, pro– move um sen timento ante a presen ça do outro progenit or ; êste ú ltimo começa a ser considerado como competiddr p a r a o afeto do ai amado e perturba dor da paz do círculo familia r " (2) . O complexo
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