Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação
PAGINA 19 n o cumprimento do dever tra balhou muito e .. . t ambém, supor~u as mtem– péries da vida mal compreendida do professor . Alegre, por temperament o modestissima e, extremamente bon.drua' a profe&füa Gervásia pobr~ que era' j~1:11ais, deixou de acudir os que lhe so~ hc1tavam ,g,lgo dos seus parcissimos re– cursos . E foi assim que a nossa saudade perdeu mais uma pétala . .. , E, agora, meio despetalada vergada no seu hastil, eu contemplo a~ pétalas que, a inda, ficaram, num frêmito dolo– roso. de .,reminiscências doce-amargas f.entmdo no doloroso pungir de acerbo espml:o", a angustio~a previsão de que, um dia, nenhuma petala mais r el;istirá -:1os embates da tempestade. . . E a sau– dade morrerá, à •falta do orvalho vivi– ficante da amizade . .. Que não k:ejamos nós a última a des– prender-se d_a sua corola. Antes, preceda – mos, nessa Jornada desconhecida aque– las que, ainda , ficaram a lutar peÍa con– cretização de um ideal que, apenas, se esbouçou em nuvens de esperanças .. . ARA COELI Um novo ano surge . Há em t odos os cor.ações uma ânsia incont ida de felici– dades, um desejo louco de paz e tran– qüilidade . Em todos os lares h á muita luz, muita alegria; a té na s choupanas miseráveis dos pântanos long"mquos há sôbre a mesa uma luz de lamparina ilu– m inando a fisionomia t1iste dos fam:in· t os que esperam a passagem do ano . 1962 - 1963 . Estou só. Só e t riste . Triste parque tôda aquela alegria que eu demonstrava ainda há pouco vai aper– t ando o meu coração e se t ransforma num.a dolorosa saudade daquela que foi para nunca mais voltar e que era tôda a minha vida . Quero est ar só . Ama rgura-me ver o sorriso de felicidades daqueles que es- tão rodea dos dos entes quroi doo. Recolho-me cedo. Telefono a t odos os amigos formulando vot os de felidida– des. Todos êles exprimem seus sent i– ment os de ternura para comigo e fa– lam-me de um futuro feliz. Feliicidade r;a~·a . mim, ag~ra, é miragem . Ninguém e t ehz duas vezes. Desligo o telefone. T~mo um copo com água e dois compri– midos de um sedativo. Rezo . Choro. Choro muito, porque pelos meus olhos passa como um filme a cen:a de todos os anos, quando eu era feliz . Começo a fi– car tonta. Deito-me chorando . o tele– fone toca, quero levantar. Não pocso. Ouço longe o tinir da oampaínha agora mais 101:ge, S11!11indo . Adormeço .' Sonho'. Agora, ele esta perto de mim e a cena se repete . :t!:le estreita-me em seus bra– ços, beija-me muitas vêzes mas s,into nos seus beijos e abraços uma pressa de quem tem de voltar. AssU1Sto-me . 1963 . Desperto. Estou só novamente. E' outro ano . O que me trarás pa....'"8. mais me amargurar a vida ? O sofrimen– to já n ão me importa, pois as duras pro– vas por que passei me tornaram quasi insenS'ivel . As dores vieram uma após ,a outra e aquêles a quem eu mais queria Deus levou . Só peço a Deus que me dê fôrça,9 para enfrentar, só, tudo o que de peri– goso aparecer n o meu caminho : Aumen tai meu Deus a fé em meu cor,:1ção . Eu creio em Vós e por Vós eu vivo. Devolvei meu doce Pai a paz do meu coração . Abri meus olhos para que e1: vej a o bem e o mal . Aclarai o meu cérebro, para que eu rniba discernir a am!lzade do int exêsse. A!ben çoai-me Deus meu . vossa filha NILSA 1/1/63 .
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