Revista lítero - pedagógico - noticiosa da sociedade paraense de educação

PAGINA 13 o pai de minha mãe, homem do exér– cito e veterano da guerra dos Boers, era um vl toriano autêntico e, que eu rabi-a, nunca deixou de freqüentar a Igreja no Sabath, por mais longe que estivesse . Nessa atmosfera, não admira que, mesm0 sem pensar muito, eu tenha acei– to tàcitamente a existência de Deus, como fato comumado . Aceitei também que aos dommgos eu devia ir à Igreja. Para mim isso era algo fora do co– mum, pois me obrigavam a vestir um terno novo, a pentear o cabelo e a acompanhar meus farniliafos por duas mi.lhas de dist ância, rumo à Igreja. Embora gostasse de trepar colinas e vales em minhas aventur:as, caminhan– do assim dezenas d1e milhas, esta viagem para a Ig1 eJa era sempre motivo de aborreciment o, já que tlão me deixavam subir às rnbes à procura de ninhos, nem pescar .a.o longo do rio maravilhosas tru– tas douradas - o melhor do meu do– mingo. Eram duas milhas de ida, outras duas de volt a, em que eu t inha que ,ne comportar da melhor maneira possível, ~em o mais ligeiro desvio . LIBERDADE Afortunadamen te para um sêr do meu t emperamento, papai nã o era pes– sôa que obrigasse alguém a aceitar à fôrça as suas impos:ções . E conforme os .anos iam passando, tive liberdade pa ra agir segundo os meus desej oo até certo pon t o, claro - dw-an t e as férias. Acsim, minhas visitas à Igreja ,foram– se tornando mais e mais espaça das . Quando sai de casa já tinha idéias próprias, baseadas la rgam ent e em minha a ceita ão de Deus a p.ar tir de uma ida– de prematura. Est a va co ntente de viver a minha vida como muito bem me agra– dasse . O "viver como me agradasse" n ão incluia freqüen tar a Igre,ia a os domin– gos ,embora eu t entasse viver de acôrdo com os padrões de vida que a mim mes– mo me tinha impôsto . Minh a crurreir a progrediu mais ou menos de acôrdo com que eu esperava e só uma vez deixei de me preocupar com Deus. Ist o se deu qua ndo tive oportunidade de realizar o desejo da minha vida : fa– zer-me corredor automobi.listico . Desde criança, dirigira minhas preces a Deus no sentido de que. E:le me aj uda.sse um dia a ser corredor. Agora eu me pergun– t ava se Deus estaria mesmo dlirigindo minha vida . Não cheguei a nenhuma conclusão e .atribui tudo à sorte . Dois anos mais tarde, contudo, pa5- .sei por uma experlência que deixou com a viva impressão de que Deus existia de fato . Aconteceu num circuito automo– bilístico em Rouen, na França . Em dois de corrida, até aquela data, eu tinha sofrido seis acidentes . Nenhum dêles me causaram o mais leve abalo. O de Rouen, porém, foi ddferen te . O cir– cuito é um dos mais belos que conhe– ço, além de ser ao mesmo tempo dos ma'is perigosos . A estrada desce a colina numa série de veloze::, rápida s, estreitas curvas ; de– pois sobe a encosta sobranceira através de uma floresta de carvalho e pinho . LIMITE A corr ida era para automóveis Fór– mula 2 - uma só pessoa, motor de 1.500 e. p. ~ Por alguma razão, o motor falhou-me, e o melhor que pude obter foi o 6. 0 lugar e mesmo assim, apenas wtilizando ao máximo os freios. , Aproximava-me de uma curva em ângulo a uma velocidade de 115 milhas h orá rias e, como de costume, levei os freios .aba1ixo. Pa ra meu horror, o pedal não obedeceu : não t inh a mais freio . Na fr ação de tempo que se seguiu, ante2 que eu salt asse fora da pista, mui– t as coisas aconteceram: tentei reduzir a velocida de, experimen tar de novo o freio é. fa zer parafuso. Mas lembrei-me de que s eri.a perigoso, dada a velocidade em que ia . De qualquer modo1 nã., tive dúvida de que ia ser cuspido no pista - e isto num circuito que n ão permita o menor dcslise . Vi um grande po:; te de concreto à min ha fr en te : procurei desviar-me dêle . Logo o ca rro se chocou cont ra uma bar– r eir a, parecia com essas que se vêem nos circuitos automobilísticos. Eu devia es– t air fazendo 90 milh as horá rias, p <1is o carro voou como um pássaro ( .. . ) De– pois, só posso lembrar-me de uma gran– de serenidade e de ver o céu por ctma de mim.

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