Revista da Sociedade de Estudos Paraense, Seculo XVII, t.2 fasc. 3 , 4, ex. 3

• • • 201 mais graves, convocava e reunia as chamadas-juntas ge racs,– convidando os militares, os clerigos, os officiaes de jusli ça e fazenda , todas as pessoas qualificadas da colonia, sem esquecer o governa– dor e o capitão-mór. As decisões eram então tomadas por pluralidade de votos, e ass im ficava repartida por muitos qualquer culpabilidade que hou– vesse; tomando-se difficil, senão nulla a punição em taes hypothe– ses. Digamos tudo de uma vez: em geral os agentes da auctoridaci e commettiam repetidos excessos, contando com o apoio reciproco ele uns em favor de outros, desde que não lhes in vadi ssem as suas exageradas attribuições, das quaes nunca deixavam de se r nimi a– mente ciosos. A' influencia funes ta que e \'.e1·ciam nos negocios pu– blicos, altribuia -se com razão o alrazo das capitanías:-era, pelo menos, uma das princ1paes causas das penuri as coloniaes. Com poucas e honrosas excepções, os depositario;, do poder publico eram sem instru cção, egoís tas, ambi ciosos, corruptos e co r– ruptores. A sua principal preoccupação consistia em adqui rir for– tuna e reg1·essa r ricos á terra natal. N'e;; te proposilo nada esc ru– pulisavam. Cada qual tratava de entrar no jogo indecente das es– peculações, sem lhe pezar a consciencia deantC' Jos meios indeco– rosos que tinham de emprega r. Nenhum se importava com os ma– les que poderia causa r á colonia . As nascentes povoações moviam-se diffi cilmente dentro do es– treito circulo de fe rro com que esses régulos as aperta vam cm proveito proprio, subordina ndo tudo aos seus capri chos e interes– ses. Ret1·ate-os quem convi veu com ell es, quem os es tudou de perto e obse rvou o seu so rdido procedimento em relação ás ren– das do erario, aos pro vimentos dos cargos publicos, á comprá e venda de mercadorias, ao lràbalho dos indígenas, ao se r viço cm geral das colonias. -Uma das ci1u;,as da mise ria da terra era o sord :do interesse dos que a gove rnavam: são pa la vras quas i tex tuaes do pad l'e An– tonio Vieira, tes lemunha ocul ar e audo risada, fal ando do Es tada do N[aranlt ão que lambem comprehcndia o elo Pará (1).-A rend a el os dizimos era de seis á oito mil cruzados, dos q uaes lrcs tomava o o-ovc rnador para si inteiramen te e no melhor parado. Na mesma fó;ma se pagavam dos seus ordenados os provedores e os offic iaes da fazenda, com o que vinha a ficar 1nuilo pouco para as despezas <las egrejas, viga ri os, offi ciaes da milícia e soldados, aos quaes se não pagava nem a quarta parte do que lhes pert encia ; pelo que (1) Resp. aos caps. cio proc. do i\lar.

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