Revista da Sociedade de Estudos Paraense, Seculo XVII, t.2 fasc. 3 , 4, ex. 3
.. 162 . - p elo sertão dentro, e bem assim serão do dito ~ ento Maciel Paren– te e se us successores as ilhas que houver até dez leguas ao mar, na fronteira da dema_rcação das trinta e cinco ou qu arenta leguas da costa da sua Capitanía, as quaes se entenderão medidas via recla, e entrarão pelo sertn,o e terra firme dentro pela maneira re– ferida até o rio Tapuyu:Ssús, e dahi por diante tanto quanto pode– r em entrar e forem da minha Conquistan (1). Após o extermínio do jugo castelhano em 1640, foi esta doa– çn.o confirmada por ordem de dom João IV, rei de Portugal, na pessoa do filho mais velho de Bento Maciel Parente, por ter este ultimo já então fallecido. A carta régia de confirmação é concebi– da nos mesmos termos da primeira. E' claro; como se vê, ,que a capitanía elo Cabo do Norte começava do rio Tapuyussús, conhe– cido hoj e por Parú, correndo pela margem esquerda do Ama.zonas até o Cabo do Norte, e d' este correndo pela costa maritima até o rio de Vicente Pinson ou Oyapoc, com tridta a quarenta leguas, comprehendidas entre este rio e aquelle Cabo (2). O Oyapoc es tá perfeitamente assignalado pelo Cabo ue Orange, e fi cou servindo de fronteira septentrional á capitanía, entrando dahi a repartição das lndias de Castella. Decorreram muitos annos sem haver contestação séria que alterasse o accordo tacito entre ª!:i duas nações. Tambem os portuguezes nunca ultrapassaram o Oyapoc. Eram ciosos dos seus dirnitos territoriaes, mas SP.mpre r espeitaram a propriedade alheia, mostrando admiravel inteireza em todos os seus aclos de conquistas . Em 1637 Maciel Parente, ao receber a doação da corôa de Hespanha, tratou logo de estabelece r e firmar a sua posse na capitanía. Apenas foi-lhe es ta outorgada, levantou n.a fóz do Parú, onde ora demora a povoação de Almeirim, um forte á que deu o nome de DestCl'l'O, e guarneceu-o de algumas peças de artilhar ia e um destacamento de trinta so ldados. Prisioneirn porém dos hollan- (. l ) Esta carta lambem se acha publicada na citada obra de Joaquim Caetano <ln ~ilva, ~ 2630. O trecho transcripto está melhorado de linguagem e orthogrnphia, mas sem nenhuma alteração no conteúdo de suas disposições, tanto que repet;mos a supposta distancia entre o Cabo do Norte e o rio Vicente Pinson, con, iderada no principio da carta como sendo de trinta a quarenta leguas, e n:, fim de trinta e cinco a 'J.Uaren~a leguas, com declaração dupla n'este ultimo caso. O melhoramento que fazemos na linguagem e ortl\ographia tem por fim facilitar a leitura, attento o barbarismo do tempo em que foi escripta a referida carta. (2) Nos tratados de 4 de Março de 1700 e de 23 de Junho de 1701, entre a Frnn– çã e Portugal, dá-se estes dois nomes ao mesmo rio. Oyapoc era a denominação primiti– v_a, e quer di zer na lingua indígena-ruido <le agua que cáe-, como já o dissemos ante– normente: tal denominação mudou para a de Vicente P im on, depois da descoberta <lo rio pelo navegador d'cste nome. • •
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