Revista da Sociedade de Estudos Paraense, Seculo XVII, t.2 fasc. 3 , 4, ex. 3

158 clcanle de um inimigo audaz e poderoso, cpmo eram os holl ancl eze·s que já se haviam apoderado da fortaleza do Ceará. (1) E ' occ..'l..c;ião ngora. de referir o morticínio dos naufragas ano– j ados ás praias da ilha rle Marajó, con forme no!il compromettemos. Em 29 de Junho de 16;38 naufragárn nas immediações da bahi a do Sol um nav io que, vindo de Lisbôa para o Maranhã.O, não podera a li ancorar e por isso segui ra para o Pará. Trazi a á seu bordo o capitão·general Pedro de Albuquerque, novo governador nomeado para aquellc Estado, alguns colonos com fami lias , e quartorze mi s– sionarias que o padre Luiz Figueira conduzia para cathechisar a nnmerosas tribus ·de gentios espalhados pelo rio Xingú, extenso arfl uenlc do Amnzonas,. onde já esse virtuoso sacerdote havia pas– sado alguns mezes, havia dois annos, com geral contentamento dos naturaeE=. . Batendo n' uma restinga, o navio abrira agua e horas depois despedaçára-se com o forte embate das ondas. Achavam-se então nesses mares duas canôas da fe_itOL·ia de pesca que lá tinha o capi– tão Pedro Favella. Desperlado· este por tiros de canhão dados de bordo, ma ndou..:.as logo á loda pressa em soccorro dos naufraga s. Eram ambas t ripoladas por indígenas. Nestas canôas, atraca das ao navio, cmbarc::tram por ordem ele Pedro de Albuquerque com preferencia as mulheres, as crianças , tres religiosos carme]ilanos, e alguns dos mais necessitados. Acompanharam-n 'as o lanchão e o escaler do navio tambem carregados df- gente, todos com ordem de regressarem sem demora. Na volta faltou uma das canôas, a qual arribára á terra , por não poder resistir ao mar agitado pelo vento e ·correnteza. Embar– caram então o governador com sua famili a, tres missionarias je– suítas (2), e alguns outros passage iros que as chronicas não no– meiam, fica ndo os res tantes á espera ela sua vez de emba rcar . Aconteceu porém que o navio se submergisse antes da terceira chegada dos transportes ao navio. Deante do perigo que crescia a cada momen to, arranjaram os naufragas á pressa uma tosca j:rn– ga<la cm que se arrnj aram cento e vinte pessoas, quando nl\o tivc- rnm mais esperanças de outro meio de salvação. . Oito infeli zes ap rove itaram um peda~o da coberta do navio que a sorte lhes deparou, e agarrados nell e lançaram-se ão mai·, ~onfianelo o seu des tino á providencia. D'es tes não houve mais noticia. Os da jangada enco~laram ás praias da ilha de Maraj ó depois de passados sete dias ele fome, ele vigílias e angustias. Ifa- (1 ) Berredo-An. Hist.-ns. 653 n 678 e 745 a 752. (2) Francisco Pires, Antonio de Carvalho e Nicolau Pereira. • f · .

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