Revista da Sociedade de Estudos Paraense, Seculo XVII, t.2 fasc. 3 , 4, ex. 3

• 118 . dades de cada um; da outra metade se tirava o quinhão elo Gover– nador, e as partes dos cabos da jornada, soleladoc; e indios que trabalhavam n'ella, pois lambem estes se associavam nos despojos de seus infelizes conlenaneos. As despezas da expedi ção eram rateadas pelo numero de peças a distribuir pelos moradores, pa– gando estes o preço por que sahiam, mais ou ril enos ele qua tro mil réis por cabeça: mas com o tempo se foi abandonando esta pratica e a cotação subiu a quinze e vinte mil réis; até que, ás vezes, o governador ficava-se com o rebanho in teiro, dividindo-o por seus officiaes e famili ares, que o i·evendiam a se tenta e oitenta mil réis cada índio. Além das tropas de guerra, qu e, pouco a pouco, e graças á opposição dos missionarios se foram tornando mais raras, ançla– vam as tropas de resgate em const.antes correrias pelo sertão. Pri– meiramente os gastos da jornada eram feitos por conta da Fazenda Real; o governador decidia sobre as entradas e nomeava o chefe da expedição. Depois passou essa altribuição ás camaras, que lambem elegiam o cabo e o repartidor dos indios. Por ultimo, eram os moradores, que faziam os resgates á sua custa, indo por cabo da tropa quem adiantava o dinh eiro para as despezas. Os missionarias acompanhavam as expedi ções, ou, pelo menos, tinham a seu ca-rgo examinar a justiça dos capliveiros. D'es ta maneira ia desapparecendo a caça humana, anuiqui– lada, com a outra, pela frequencia das balidas. No tempo elo governador Ruy Vaz de Sequeira.(1662-67), pela costa do Mara– nhão até Gurupá, não havia mais indios; em necessario ir buscai-os pelo Amazonas acima, e dentro dos affiuentes. As expedições de resgate eram para elles tão n10rtiferas corno as proprias guerras; de maneira qu e, com ·as muitas baixas que se davam durante as longas e penosas viagens e descontando os que fugiam, não se apuravam, nas duas cidades de Belem e S. Luiz, mais de 400 escra– vos por anno (1). Este numero era sem duvida insuffi ciente, para substituir os mortos e es tropeados, e para acudir ás necessidades da população em augmento. Repartidos bs indios pelos moradores , continuava ainda a mortandade, pelo qu e dizia Vi eira, n ' uma resposta á camara ~e Belem: - cr Por mai!'. que sejam os escravos que se fazem, mais (1) R esp . aqs cnp. XXV. A C. R. de 20 de Outubro de 1690, manda que o gover– nador do Maran11ão proponha o orçamento <ln fabrica e custeio de um hospital para os índios, afim de evitar- se que pereçam quasi todos os que vêm nos descimentos, á mingua de tratamento, como geralmente acontece, J •

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