Revista da Sociedade de Estudos Paraense, Seculo XVII, t.2 fasc. 3 , 4, ex. 3
• • • 1-19 esqueceu os aggeavos, moslL'Ou-se generoso com os seus proprios desaffectos, e assim poude conquistar a estima quasi geral dos mo– radores. Satisfeito d'esle bom resultado, o governador ge ral veiu de novo visitar a capitanía do Pará em Maio de 1636. E quando mais se interessava pelos · negocios da colonia, foi atacado de grave en– fermidade que o levou á Cametá para convalecer, descançando ali das fadigas do .seu cargo. Acompanhára-o na viagem o seu filho, donatario d'aquellas terras. Essa povoação já tinha sido, desde De– zembro do anno anterior, elevada á calhegoria de-Villa Viçosa de Santa Crnz de Cametá-e passava por ter· bom clima e excell entes banhos nas aguns cryslalinas do Toéanti.Jis. Nada porém aprovei– tou ao illu~tre enfermo. Fmncisco dê Carvalho fall ece u em 15 de Selembt·o de 1636, e seu cadave r foi sepultado na capclla-mór da matriz, dedi cada á São ºJoão Baptista. Nem todos os moradores respeitaram a memoria do finado. Uns por ingratidão e maldade, outros por inveja e despeito, nega– ram-lhe serviços aliás r elevantes, e desfigurando inteiramente os seus actos, não lhe renderam as hoh1enagens que merncia. O seu íllho iulgou-se fraco na lucla desenfreada com os facciosos, e com medo de qualquer desaca to , r etirou-se em Outubro para Por-tugal cor.i.1 escala por Caracas. Não havia no Pará, nem no Maranhão sub tiluto nomeado que podesse lega lmente s ucGeder ao finado no governo ge ral da cnpilanía. Tinha sido uma falta grave que nü.o deixaria de produzir fu– nes tos r esultados nas colonias. A metropol e, criando as capitanías e es tados, devia ter dado logo substitutos aos funccionarios que nomeasse. Este aclo de previdenci a teria coarctado o arbí trio dos ambiciosos, que sabem aproveitar-se de qualquer omissão ou· lacu– na da lei para sati sfazer vaidades e int.eresses pessoaes, muitas Yezes acobertados com o manto de simulado patrioti smo. Antonio Portilho, sahindo á pressa de Cametá onde então se achava, levou á São Luiz a tri ste noticia do fallecimento de Fran– cisco de Carvalho communicando-a, ao desembarcar, á Jacome de oronha que ainda era o provedor- mór da fazenda real e conserva– va o mensageiro como seu empregado. Prevenido por este, resol– veu elle desde logo pree ncher o lugar vago, fazendo-se eleger ali pela ca rnara muni cipal. E assim aconteceu. Vencida a resistencia de Antonio de Albuquerque que o governador rl eixára encarregado da capitanía durante a sua auzencia, fôra de facto eleito, e em 9 de Outubro de 1636 tomára posse solemne do governo do Estado, sem prejuizo da provedoria da fazenda, que de ha muito exercia. Doze dias depois, o capitã.o Francisco de Azevedo chegava á
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