Revista da Sociedade de Estudos Paraense, Seculo XVII, t.2 fasc. 3 , 4, ex. 3
1-16 mais as relações dos raros colonos que a formavam. · As guerras contra os invasores. do Amazonas absorviam a altenção geral elas auctoridades c0nstituielas. E aprisionar, escravisar índios era a preoccupação constante dos europeus que rezidiam em Belém. Nem havia outro meio de conservar as conquistas, de obter operarios e recursos ! PódP.-se dizer que os colonos dependiam dos indi rrenas nos menores misleres da vida, desde o rude trahalho da caçaºe ela pesca até o mais insignificante serviço domestico, de terra e de mar. Havia carencia de tudo. Da melropole não vinham nem braços, ne_m capitaes, nem mer~adorias. ou quaesquer ge_neros ali– mentícios que podessem suppnr as mais urgentes necessidades dos colonos . Longos mezes se passavam sem que de Hespanha ou de Portugal eh gasse um só navio ao porto de Belém! A lavoura era escassa e limitava-se aos produclos natu.raes do p u.iz . O commercio tornava-se impossível em vista das prohibições decretadas acerca dos estrangeiros. A pobreza, senão mizeria, acossava a todos sem distincção. Em geral os moradores andavam descalços, es farrapados e famintos. A vestimenta usual era de parino grosso, e essa mesma ·parca e insufficiente. A alimentação era de generos do paiz, e nem sem– pre havia quem a fornecesse regularmente. Faltavam muitas vezes · o sal e o trigo por mezes consecutivos. Na carencia de pão, recor– riam á mandióca el e que faziam a farinha, e desta como do peix , das drogas, <los pr0duclos naturaes da terra serviam-se para per– mutas nas transacções; e na falta de moeda os funccionarios publi– cos, os officiaes militares e os soldados recebiam-n'os em pagarµen- to de seus ordenados e soldos. . R aro era ver-se em circulação uma ou outra moeda metalica. Se al guem a tinha, guardava-a para occasiões de aperto, e só a trocava com avultado agio. As compras e vendas geralmente eife– cluavam-se pela permulta de uns objeclos por outros, por preços taxados em posturas do conselho municipal ·! A desorganisação social não podia ser maior: imperava a vontade caprichosa dos agentes do poder publico, e era consequente a serie de privações e ,mifrimentos que acabrunhavam a nascent.e povoação. Na ca1·enci a de r ecursos tudo mynava; sómente na penuria afflictiva da colonia medrava o arbítrio, dos mandões, a malda:le contra os indígenas ! .. .,,
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