Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS como de estrêlas o céu. Lenço bordado de flõres e umedecido de odores no altar do meu coração; Um lenço feito de lírios para enxugar os martírio~ da minha recordação ! Eu seria alegre e puro, venturoso entre os mortais, se banhasse o meu futuro no aroma dos teus rosais ! Quando o dia despontasse, ser uma ave que expressasse volatas do "Guarani" ... Ser um pássaro perdido, Tendo meu ninho escondido nos bosques do "Jiquiri" ! Deus permitiu-me o privilégio de ainda alcançar, no exercício da Secretaria de Estado do Govêrno, a suprema felicidade desta hora. Era êste, também, o teu íntimo desejo, Poeta do meu coração. Fê-lo o Senhor, tal como ambos desejávamos. Pediste-me que não deixasse de falar. Respondo-te com a minha presença e a minha palavra. Esta, porém - pobre oferenda matinal - não chega sequer à fugaz valia de corolas sem viço, sem aroma e sem matiz, de folhagem murcha, de fanadas pétalas, para os salpicos ornamentais da passadeira por onde ascendes à imensa glória dêste dia. Mas com ela revolvo, tanto quanto mo permite o exíguo tempo, detalhes sentimentais, que a mim me são caros ora ressaltar. Aqui está a casa de Belém, tal como a quiseste, pequena, tôda nova, com extenso terreno ao fundo e um diminuto j ardim à frente. Nela não está apenas o esmêro da Secretaria de Estado da Viação e Obras Públicas, sob a inteligente orientação de José Maria Barbosa. Estão, também, redobradas doses de carinho e de afeto. Nela, o teu desmesurado amor telúrico, faz caber tõda a Amazônia. Não lhe permitiste a derrubada da mangueira ao fundo, intimaste a preservação do "pé de baunilha" entrelaçada na velha "cêrca de jarana brava" e pediste, com empenho, o plantio de u'a muda de pau d'arco. É realmente a Amazônia, Senhores, o mundo que êle teima em querer dentro desta Casa, com o impulso afetivo em que a exalta na primeria estrofe do Canto inicial do seu disco : ·-76-
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