Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS andar, perante um gravador gentilmente cedido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico Social do Pará, declamaria as poesias do seu long.play. Ao cabo de três meses, fazia-se solenemente, no Foyer do Teatro c!a Paz, o lançamento dos discos "Pinagé - O poeta e o seu canto". Guardo, nítidas na memória, as palavras do ilustre Acadêmico De Campos Ribeiro, presidente do Silogeu Paraense : "Esta festa, que aqui congrega tantos espíritos e tantos corações, é algo de inédito na História Literária de nosso País e se algo igual já. se processou pelo mundo, isso se vai aí por seus cinco séculos, na er a maravilhosa em que floresceu um príncipe amante das artes e das letras, que foi Lourenço de Médicis, o Magnífico. De então para cá, não há memória de que fato dessa natureza se haja reproduzido". Aylton Quintiliano, que a morte desfaria tão cedo, esculpiu com a pena fascinante êste registro : "O Govêrno, num gesto dos mais simpáticos, premiou, com e5sa festa de cultura, a cidade inteira, que poder á ouvir eternamente, através de um long-play, a poesia na própria voz de menestrel divino, dos maiores que o Brasil já teve". E a "Fõlha do Norte", num longo editorial, dizia alJri-lo para dedicar a um Príncipe. "Não a um Príncipe das estranjas, chegando a estas plagas, acompanhado de séquito em tra jes de gala, com dese– nhados sinêtes e armas, mas a um Príncipe nosso, que vive entre nós, inspirando.se nas ruas emangueiradas de nossa Santa Maria de Belém do Grão Pará ". Recorda uma passagem de Pinagé no Rio, numa r eunião da Sociedade dos Homens de Letras do Brasil, com "seus cabelos brancos drapejando no tôpa de sua figura macérrima sintQ– nizando com a dicção clara e os gestos firmes, declamando seu mara– vilhoso poema, e, parando de r epente, já não dizendo versos, fazia um discurso que era também um poema improvisado em defesa da imediata integração da Amazônia ao desenvolvimen to nacional". Enal– tecendo o gesto profundamente simpático do Govêrno diz que o Cel. A!acid Nunes, com a fes ta que promoveu, em homenagem ao poeta, "ao extraordinário vate, glória das letras paraense, deu uma inequívoca demonstração de amor à cultura". o acolhimento maciço à iniciativa governamental, através da Secretaria de Es tado de Educação e Cultura, cujo ilustre titular , doutor Acy Ba rros Pereira, fêz questão de por ela responsabilizar-se finan– ceiramente, foi o t oque da vitória da ingente pr omoção. Veio então a fase da aquisição do imóvel. Pinagé insistiu em querê-lo no solo bragantino. Conciliando, o Governador, num gesto largo, deliber ou a compra de duas casas, uma em Bragança e outra em Belém. A primeira, já entregue, era imperiosa. Bragança foi 0 - 74 1
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0