Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Sempre o vi assim : ora cândido, transbordando a terna cadência e a sonoridade de Gonçalves Dias, como no intróito de seu discurso em versos, na memorável consagração do seu Principado : "No mundo das letras, banhado de auroras, Vivi muitas horas do tempo, a rimar. Criança modesta, aos sóis e às luas, Descalça, nas ruas do chão potiguar. Meus pais eram pobres, ganhavam cruzados, Vestiam "riscados" de grosso algodão; Café ? . . . Nem por sonho. . . Durante a semana, Garapa de cana, com bandas de pão. Comprávamos tudo, na venda do Augusto. Eu era robusto, meus manos também. O almôço era forte : Feijão com tutano, pirá do oceano, cuscus de xerém". bem assim como nos fragmentos dêste poema dedicado à filha es– tremecida: "Teus olhos-topázios, da côr do dinheiro, Têm luz e têm cheiro, calor e algidez; Têm cara, coroa, brasões de outras eras, princesas austeras, do império chinês; Têm palmas de louros, têm datas antigas, Têm áureas espigas brotadas do chão. Meu Sonho-Banqueiro é um velho avarento, Guardando-os sedento, em seu coração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . Teus olhos-topázios de somas vultosas, que as minhas ternuras guardaram, zelosas, no Banco de Rosas de um rosto gentil, Não sofrem descontos, nem ágios, nem quedas .. . São duas moedas legais do Brasil !; -- 68 o o o
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