Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• • 1 f,t REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS discos, na deslumbrante noite do Teatro da Paz, ao ato de entrega da primeira casa, silencioso e singelo, na brejeirice do chão amigo no auditório do Palácio Lauro Sodré, à solenidade do lançamento dos e hospitaleiro de Bragança, e, finalmente, ao momento feliz desta fnau– guração da casá· de Belém. Na seqüência crçmológica desses fatos significativos, estarão por acaso envoltos, na plenitude,· os diferentes lances da real história dessa decantada gravação ? · Sabemo-lo, fundamente, os dois. Eu, eterno enamorado do seu estro, perseguidor inveterado da sua jorna– da poética, a quem, num incontido arroubo fraternal, chamou de "caprichoso coletor de sua bagagem literária" e com quem, num rasgo de comovedora ternura, inspirado na estrofe de Casemiro de Abreu, repartiu, "entre as rosas das suas primaveras", as palmas do seu futuro, as palmas de sua vitória, as suas palmas de cant.or . l!:le, dis– plicente, incorrigivelmente boêmio, alheio, atabalhoado, dispersivo e desinteressado. Eu a persistir no intento. l!:le, fagueiro e incontro– lável, a pouco se importar com a consecução ou não do nobre objetivo. Mas em verdade esta história não se dimensiona ·no restrito limite dêste período de um ano, cinco meses e dezenove dias. Vem de longe. Apenas jamais supunha vê-la realidade, tantas foram as tenta– tivas sem sucesso. Unimo-nos pelo afeto, nela afinidade espiritual, pela doce ben– querença que eterniza os vínculos das almas irmanadas. Desde cedo aprendi a devotar-lhe culto, pela beleza inexprimível de quanto há produzido o seu talento. Sempre o vi, como êle próprio se retrata, escrevendo "versos à vida. para nue, depois do desenlace inevitável , a poesia fique, na opinião de Patrocfnio. como fogo-fátuo que é o último suspiro da vida no triste laboratório da morte". Sempre o contemplei. como Geraldina Marx, "fazendo versos porque nasceu com a centelha divina e alma canora de um pássaro", "fazendo poesia iluminada, sentindo a vida na cólera, no amor, nr, piedade, na afeição da terra". Sempre o vi como o descreve Bruno, seu companheiro dileto, "testemunha, participante da fase mais sentimental e boêmia do seu ciclo lírico", "em perene aura de poesia, r esistindo, irônicamente, sonhando e versejando no seu peregrinar terreno, aos mais ferozes embates do cotidianismo". - 67 .-

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