Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
() REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS .,eguinte, uma jardineira iria para lá, às cinco horas". Riu muito e a Prioresa também riu, mas interrogou : "Quer dizer que o Doutor não foi, por causa da jardineira?... " Retrucou Avertano que certa– mente, que seria até ridículo, êle ir com a jardineira do hotel. . . Ouvindo isso, a veneranda Freira, muito admirada, replicou : "Oh ! Não, Doutor ! Não diga ignorar que é jardineira ! ... " Como êle ex– plicasse pensara ser a mulher encarregada de cuidar do jardim, confessando não conhecer outra acepção para o têrmo e desejando mesmo saber que era, a palavra voltou à Abadêssa. Esta arrematou : "J~,rcllneira, em Mina:;, é aquilo que, em Pernambuço, chamamos sopa ... " Dessa feita, quem ficou in albis, fui eu. Tive oportunidade, conseqüentemente, para aprender que jardineira, sopa e perua, tudo quer dizer simplesmente ônibus... Julguem os competentes, se tínhamos ou não, razão, reclamando os glossários ! Agora aqui chega, não querendo faltar à nossa festa, um con– frade usando bonito chapéu, tipo panamá, tendo no braço pendurada, t errível bengala, trazendo nas mãos, uma cuia pitinga encarapitada em grande panela de barro, plenas de sadio humorismo; é Luiz Tei– xeira Gomes, o nosso querido Jaques Flores. Antes de ser recebido na Academia, já o conhecia, visto sermos vizinhos, morando eu, na Apinagés, quase esquina com Tamoios e êle, nesta rua, quase canto da Apinagés. Travamos relações muito amigas no dia em que se apresentou no meu lar, acompanhado pelo indefectível bengalão, jw1tamente com seu companheiro da Polícia, Acrísio Aranha .. . Naquêle momento pensei conduzissem ordem para prencljer-me . . . Mas não, Jaques ia lançar sua Cuia Pitinga e desejava informações sõbre a classificação científica da cuieira. Contente por poder coadju– var com tão insignificante pedrinha, forneci.lhe os desejados informes, cuja falta, aliás, passaria perfeitamente despercebida. Outros confrades entretanto, reclamam, querendo compartilhar de nossa festa. Torna-se difícil a escolha, porquanto no plano adian– t ado! distingo Bruno de Menezes, Manuel Lobato, Orlando Lima, Rayncro Maroja, Remigio Fernandez, Romeu Mariz . . . Dentre êles porém, um se apressa, trazendo também avantajada bengala. Rece– bamo-lo com carinho, pois é Remígio Fernandez. O primeiro contacto que tive com Remígio; isso j á é decorrido mais de meio século, foi logo após seu concurso e conseqüente nomea– .ção para catedrático de Latim, no Paes de Carvalho. Maurilo Miranda e eu fomos os alunos que proporcionaram a estréia ao nôvo professor, como examinador. Não chegamos a ouvir suas aulas, porque êsse nosso exame era o final da cadeira. Só mais tarde, pude gozar de sua amizade, já colegas no magistério. -63-
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