Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

• • e e, REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Tive ocasião de apreciar Acilino utilizar sua lógica, em momento bem solene. Haverá quem lembre que, durante a gestão do Inter– ventor Magalhães Barata, aqui criaram uma escola de educação física frequentada somente por professôras normalistas. Funcionou essa instituição un1 ano apenas, no andar térreo da velha Escola de Agro– namia, r elegada, em consequência, para o andar superior. Um belo dia , entenderam fazer uma demonstração, já não me ocorre de que, sendo convidado o Interventor para assisti-la. Presenciamos os traba– lhos , Barata, Dr. Acilino, por ser professor na Escola e eu que, secre– tariando minha Agronomia, descera a receber o Chefe do Estado. Na sala, se encontravam uma balança e variados instrumentos, assim como havia diversas escalas pintadas numa das paredes. Seu destino era medir envergaduras, alturas, etc. Fizeram entrar um menino, pesaram-no, encostaram-no à parede, com os braços abertos, medindo não só a altura, mas também a distância das pontas dos dedos direitos às dos esquerdos, deram-lhe dinamômetros, verificaram sua fôrça na destra, na sinistra, nos pés, enfim, após uma porção de mec1:idas, mandaram-no sair, chamando outro. Assim desfilaram em nossa fren te, uns quatro ou cinco garôtos. Quando chegou pelo quinto ou sexto, o temperamento do Interventor não resistiu, indagando éle, autoi'itàriamente, aquilo que eu estava com vontade de perguntar : "Afinal, os meninos ser vem ou não servem para estudar ?.. ." Então Mestre Acilino usou da palavra e discorreu exaustivamente. Se não convenceu o Major, que se limitava a aprovar com meneios da cabeça, pelo menos o deixou sem vontade para p erguntar mais nada. Outro vulto porém, já percebo ao lado do meu antigo Professor É Aver tano Rocha, aquêle pernambucano transplantado para nossa terra, onde se arraigou de tal maneira, que lhe confiaram variadas e altas funções. Até Auditor de Guerra da Brigada Militar êle foi. Graduado em Direito e em Medicina, preferia ensinar Filosofia e Latim, mister em que bem o conheci, no Colégio E stadual Paes de Carvalho e no Santo Antônio. Em certa época até, só tínhamos dois professôres regis trados em Filosofia, o velho Avertano e um jovem, Benedito Nunes. J!:le sabia que "il riso fà buon sangue", de modo que apreciava as boas piadas, das quais ria com prazer incontestável e com prazer também outras contava. Lembra-me sempre ter ouvido A~ r tano n arrar que, u'a manhã, não tendo tido tempo para barbear-se em casa, ao sair da Escola Normal, resolveu entrar n a primeira barbearia encontrada, que aconteceu ser uma existente ali na Serzedelo, no flanco do atual Edifício Manuel Pinto da Silva. Entrou, sentou e o bar beiro procedeu conforme manda o ritual. "Quando estava com - 61

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