Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS disso era aquilo, dizendo à pessoa que fôra em busca elo medica– mento : Não posso aviar essa receita, porque nela figura uma droga . amda inexistente em Fortaleza, só $e encontra no Rio, peça ao dou lm para indicar urr. sucedâneo .. . Quando foi informado, o facul– tativo teve frouxos de riso, perguntando se não havia padarias, na cidade ... Publicada "A Corrida do Facho Vital", Acilino gostou, lançou mmha candidatura ao silogeu, do qual era o Presidente, foi meu grande eleitor e rectbeu-me com belíssimo discurso, mfelizmente não €5.crito. Voltei novamente a confrade de Acilino, cuja prosa, arredia do ramerrão cotidiano, apreciei devidamente, nas duplas sessões rnatin:iis, realizadas em um domingo de cada mês. Disse duplas porque, terminada a reunião oficial, muitos de nós iam para o lar de Orlando Lima, onde batíamos papos intermináveis, em tôrno de grande mesa, junto à biblioteca do querido companheiro, ali na Dr. Moraes. Numa dessas sessões oficiais, alguém lembrou a criação das palmas acadêmicas bordadas a ouro, devendo ser por nós usadas, nas ocasiões solenes, apostas aos smokings. Acilino se opôs tenaz– mente, dizendo achar ridículo o fardão com aquela espada... Arre– matou : Eu, sem êste fatinho branco, não sou o Acilino de Leão ... Sua opinião foi acatadc e ficamos apenas com esta insígnia, prêsa ao colar que, primitivamente era grosso cordão violeta. A roseta, já recebíamos ao ser admitidos na Academia. Acilino tinha inimigos ferrenhos e numa outra reumao, expres– sou.se da seguinte maneira, a respeito de um dêles : "Mandei dizer ao meu amigo que andaria armado, daí por diante e que, se êle, passando por mim, fizesse cara feia, não teria dúvida em dar-lhe um tiro. O camarada nunca me fêz cara feia ou melhor, nunca passou por mim... " Orlando Lima ponderou : " ... mas Acilino, tu não sabes atirar, jamais empunhastes um revólver... " Então o Presidente d.a Academia encerrou o assunto, declarando : "É, mas eu não visaria nem cabeça, nem coração. Atiraria na altura do diafragma ou da cicatriz umbilical, pouco me importando acertasse acima ou abaixo". Dr. Acilino era minucioso nas instruções para aplicar sua medi– caqão, pedindo até colh0res da casa, pois desejava sempre estimar-lhes a capacidade. Aliás, era minucioso em tôda e qualquer exposição, falando alto, ohando em derredor, preocupado com saber se os cir– cunstantes estavam atentos. Nas ocasiões apropriadas, tinha uma risadinha especial, servindo-lhe como prefixo, pois era só ouvi-la, saiúH::e que estava por perto, muito embora não visível. -60- t (l
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