Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
r · REVISTADA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS Mas Deus é eternamente superior, dominador, forte e indes– tratível, como ):>ase cta Fé e como esteio da verdade. Mas - mo.str'l um obsen'aclor desapaixonado elo Movimento Modernista - Deus aparece afinal, muito depois, nos primeiros poemas de Vinicius de Morais, em Jorge de Lima e Murilo Mendes. Os modernistas - acrescenta o observador - que a tudo nega– vam, deram o grande salto de 180 graus e passaram de 8 a 80. E criaram até a chamada poesia em Cristo. Aliás, as grandes, as quase radicais transformações operadas no Movimento Modernista de 1922 · e, depois, no de 1945, não surpreenderam, eram esperadas, foram fatais. Quando Anibal Machado definiu o Modernismo afirmando "nós não sabemos exatamente o que queremos, mas sabemos muito bem o que não queremos", cstaYa lavrando o atestado de efemeridade do movimento que não tinha consistência, por ignorar a sua razão de ser. Antes de saber o que não se quer , a gente deve saber o que qi.:er. Principalmente, quando se pretende inaugurar um nõvo movi– mento literá rio, um nõvo método de fazer poesia. É fácil e é cômodo combater, blasfemar, destruir. Mas o importante, o honesto, o ver– dadeiro, o nobre, o patriótico, é saber combater, com armas da ver– dade. Por isso mesmo, depois desta rápida viagem que fizemos em tõrno do Movimento Modernista no Brasil, justo que vocês reflitam bem antes de tomar qualquer atitude, especialmente quando ela fõr de combate ou de reformulação de métodos e sistemas, sejam êles literários, artísticos ou políticos. É necessário refletir, analisar o passado, medir as conseqüências do futuro, para poder tomar posições definitivas. O futuro do mundo está nas mãos dos moços. Sõbre os ombros ela mocidade está a maior parcela da responsabilidade do destino do mundo, dos homens e das artes. Cabe a vocês, meus amigos, pelo amor aos estudos e pela hones– tidade e amor à -verdade, a grande missão de estabilizar a felicidade humana, amando a poesia, que é a grande fonte de termtra, de beleza, de amor e de esperança de todos os povos. A grande arte, que Pereira da Silva imortalizou nestes versos belíssimos : É meu tormento. Chamam.lhe Poesia, arte do verso. Chamo-lhe o madeiro, a cruz da minha noite e do meu dia. - Cruz em que verto o sangue verdadeiro, em que minha alma em transes agoniza e o coração se crucifica. inteiro. - 47-
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