Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS rima e sem metro, encontraram a expressão de beleza e levaram-nos para o antigo ideal humano, em q_ue se entrevêem munáos outros i:.través da poesia. O verso moderno - acentua - possui muita coisa admirável, tão grande e vailosa como nas demais escolas. *** A verdade, n !eU~ amigos, é que o sonêto e a poesia clássica con– tinuam vencendo em tóda linha e em tóda a parte. Automàtica. mente, o poeta caminha para êles. Para o sonêto principalmente, liberto o sonêto das roupagens antigas, mas sonêto aincla, com ritmo, seqüência, lógica, beleza. Certamente o poeta faz isso em busca da perfeição. Não mais prêso aos cânones passados. Aperfeiçoando as palavras e delas, do aperfeiçoamento de cada uma ou do seu conjunto, realizando a beleza de sua criação, de sua mensagem. Existem poemas cuja beleza repousa em um ou três versos. Assim como o amor é a mais inelutável das verdades humanas, a palavra é a grande verdade da poesia. O segredo da arte está em saber usar as palavras. Por isso mesmo é que o autor de "Jeremias sem chorar" afirma que todo poeta tem obrigação de ser um bom prosador, para poder distinguir o material cem que lida, na poesia e na prosa. E justifica: "Deus disse - faça-se o mundo, e o mundo se fez, por sua ordem. O poeta não diz : faça-se o poema; é êle mesmo que o tem de fazer. Tem de o fazer quer dizer : trabalhar no duro, jé'i. que é sentença, também de Deus, a de que o homem fará as coisas com o suor do seu rosto". · E exemplifica: "quando Deus quer perder, hoje, as criaturas, não as enlouquece mais: primeiro, tira-lhes o dom da poesia". Talvez por isso, é que a gente veja, de quando em quando, muita loucura escrita com o rótulo de poema. *** No início da Revolução Modernista, os seus líderes e os seus adeptos, êstes vfümas inocentes da eterna mania dos moço,; de estarem sempre contra, agitar a escola, praticar loucuras, como recomendava Grur;a Aranha, tinham como objetivo destruir tudo, arrazar tradições, aniquilar regras e preconceitos, quer literários, quer morais e religiosos, e nessa avalanche de ferro e fogo nem Deus escapou. Talvez tenha sido o grande desastre do movimento, que pretendia uma derrubada total e inclemente ao tradicional, ao clás– sico, ao eterno. -46-

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