Revista da Academia Paraense de Letras 1969 e 1971
e REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS ser completamente .franco, eu odeio a música". Assim como êsse, milhões de outros exemplos existem nas letras, na música, no magis– tério, no jornalismo, no comércio, nos bancos, na advàcacia, na polí– tica, na administração pública, em tudo enfim. E até n as Academias de Letras. * * * "Combatendo a ênfase oratória, a eloqüência verbal, o tom declamatório da literatura parnasiana, o Modernismo simplificou a prosa e a poesia, adotando o us·o normal da linguagem quotidiana, da frase despojada, das paavras usuais e simples". Assim o explica Peregrino Júnior, que acrescenta ter-se criado, pelo exagêro da reação, o horror da forma, uma espécie de fobia do estilo. Mário de Andrade, por exemplo, r evela o ex-presidente da Casa ele Machado tle As:,is, pretendeu criar uma língua brasileira, preciosa e artificial na sua ostensiva pobreza, que era uma espécie de código de "falar errado" e, fogtcamente, não escrever certo, de :1t.ro das regras gramaticais, que até estas, perenes para a eternidade do idioma também eram imperfeitas na opinião obtusa de muitos dos revolu. cionários. Não conseguiram, felizmente, para glória da própria lite– n~tura nacional, institucionalizar o código de falar errado. É preciso destacar que a geração de 1945 renegou o Modernismo de 1922 e, com êle observa Peregrino Júnior, sobreveio também úm regresso às preocupações da forma e do estilo, uma nítida reação contra o excessivo desleixo formal dos modernistas, resultando, dai, nma poesia mais densa, grave e construida, reduzindo a zero o con– ceito de Graça Arci.nha de que "o belo é um p erpétuo equívoco entre os homens". O professor Cécil Meira, em sua obra "Introdução ao Estudo da Literatura", cuja terceira edição foi r ecentemente lançada pela i:;niversidade do Pará, escreve : "Sente-se que ultimamente a febre de destruição que empolgou o modernismo está decaindo e que quase todos os homens de letras estão voltando a si, mesmo apaixonados, porém mais criadores, sem os excessos do sectarismo, que coS t uma sempre destruir o esfôrço para as boas realizações". Ainda é o autor de "Imagem das Horas" que afirma que, na ooesia, a revoluçõ.r• foimais violenta, destruidora, sem limites, sem horizontes. A poesia tornou-se um rico jôgo de palavras. E poetas inúmeros surgiram. Mas o resultado foi funestJo. Afirma êle qne ficarão apenas os que possuem t.alento, verve, paixão pela arte e grande inspiração. l!:sses, mesmo nos versos sem -45-
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